Projeto “Vozes da Vila” leva oficinas de hip-hop à zona norte

Coletivo Contraponto promove ativismo social com oficinas de hip-hop durante o primeiro semestre de 2012

01/02/2012 14:15 / Atualizado em 10/02/2012 07:36

Consolidado como uma das principais veias culturais da periferia, o hip-hop vai além do propósito musical e se torna um verdadeiro agente social que lapida e resgata jovens pelos quatro cantos da cidade. Cientes de que o microfone e os outros elementos da cultura periférica reconfiguram a realidade dos extremos da metrópole, os integrantes do Coletivo Contraponto resolveram fazer da Vila Albertina – bairro da zona norte da capital paulista – um palco de novas possibilidades para a socialização de jovens entre 14 e 28 anos, tendo os elementos do hip-hop como suporte de transformação da realidade que os cerca. As atividades ocorrem nas instalações da Fundação Gol de Letra – umas das apoiadoras do projeto – e tem início no dia 11 de fevereiro com participação Catraca Livre. Basta inscrever-se previamente pelo site do coletivo.

reproduçãoProjeto abre inscrições para jovens entre 14 e 28 anos
Projeto abre inscrições para jovens entre 14 e 28 anos

Alfinetado pela inquietude de perceber uma realidade pacata, Douglas Oliveira, 23, um dos idealizadores do projeto, reconheceu o poder de transformação que a cultura hip-hop poderia ter em sua comunidade e resolveu materializar a vontade de “ter uma oficina de hip-hop no bairro”. Para isso, se juntou com a educomunicadora Fernanda de Oliveira para o redigir o projeto “Vozes da Vila” que foi aprovado pelo edital “Hip-Hop Conectando Quebradas” promovido pela RedEAmérica.

A estrutura da iniciativa consiste na realização de duas oficinas (MC e DJ) que ocorrerá aos sábados. “A Zona Norte sempre revelou vários nomes fortes na cena hip-hop como Edy Rock (Racionais MCs), KL Jay e Emicida recentemente, mas há pouca articulação entre as pessoas que gostam do movimento, e o coletivo pretende fortalecer esse contato entre as pessoas que gostam dessa cultura”, explica.

As oficinas

Duas pessoas que já são engajadas no ativismo da cultura hip-hop no bairro assumem as coordenadas das oficinas, sendo eles Carlos Aparecido (MC Pac Two) e Cainã Silveira (DJ Cainã). Para ajudar a articular novas possibilidades de interação e conhecimento, alguns encontros contarão com a participação do rapper Kamau, um dos principais expoentes do rap na capital paulista.

por Fernanda de OliveiraJovens comparecem a apresentação de beat box na Fundação Gol de Letra - palco das oficinas
Jovens comparecem a apresentação de beat box na Fundação Gol de Letra - palco das oficinas

Rodas de Conhecimento

Além do processo de aventurar-se nas batidas e ensinamentos dos quatro elementos do hip-hop (Rap, Dj, breakdance e graffiti) o projeto também procura conscientizar  e estimular os jovens participantes das oficinas a debaterem algumas questões que permeiam o universo das periferias paulistanas. Para isso, ocorrerão três “Rodas de Conhecimento”, em que convidados compartilham e trocam idéias com o público. A grafiteira e fotógrafa Regina Elias, vulgo Soberana Ziza e a agitadora cultural Bárbara Phyna são articuladoras destes encontros que ocorrem nos dias 10 de março, 14 de abril e 12 de maio.

Fim e festa

O término das oficinas será marcado por uma celebração de encerramento que contará com apresentações dos jovens participantes, além de convidados especiais no dia 16 de junho. Assim como a simplicidade e coletividade que caracteriza o rap, todos são convidados a participar das atividades que têm entrada Catraca Livre.