Raymundo Colares ganha retrospectiva no MAM
Paralelamente à 29ª Bienal de São Paulo, fica em cartaz no Museu da Arte Moderna (MAM) a exposição “Raymundo Colares”. O artista ganha uma retrospectiva com suas obras emblemáticas, tais como os Gibis, que terão duas réplicas para serem manuseadas pelo público, e as carrocerias de ônibus pintadas em alumínio.
Em cartaz no MAM até o dia 19 de dezembro, compõem a mostra 56 obras, entre 26 pinturas, 15 fotocópias/desenhos, um vídeo sobre o artista e 14 gibis, além das duas réplicas.
Para criar sua geometria particular, Colares inspirou-se em nomes como Mondrian e Volpi, buscando uma nova leitura dos seus universos. Na transposição desses ideários para cadernos manuseáveis, cujo cuidado de composição vai da escolha de papéis de texturas distintas ao caleidoscópio de formas que se modificam com o virar das páginas, o artista escolheu o significativo nome de Gibi para batizá-los, consolidando a utopia de um cotidiano no qual a arte se insere de maneira tão intrínseca que as HQs tornam-se, finalmente, revistas-obras cujo enredo e desfecho o próprio público escolhe. Mais uma vez, o movimento está no cerne de seu trabalho.
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Também na exposição, a série de fotocópias com intervenções de punho do próprio artista mostram a faceta mais direta de sua verve pop, com alusões a Marcel Duchamp, precursor em tomar anúncios e imagens consagradas como base para um significado distinto. Unindo-se a nomes seminais de sua época, Raymundo Colares é peça fundamental para se completar o quebra-cabeça da arte brasileira dos anos 1960-70.
Raymundo Colares
Nascido em Grão Mogol (MG) em 1944, foi na cidade do Rio de Janeiro que Raymundo Colares realizou sua formação artística e despontou como o principal articulador do neoconcretismo com a pop art em uma carreira tão promissora quanto curta, devido à sua morte precoce em 1986.
Cursou a Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1966, quando tornou-se amigo dos artistas Antonio Manuel e Helio Oiticica, com quem compartilhou a busca por uma nova estética que traduzisse as mudanças radicais pelas quais o mundo e o Brasil estavam passando, fosse a corrida espacial entre EUA e URSS ou o regime militar aqui instaurado entre 1964 e 1985.