Shakespeare, quase 500 anos depois

Obra de dramaturgo segue atual, seja com montagens ou adaptações

18/04/2011 12:49 / Atualizado em 30/04/2020 11:43

William Shakespeare, considerado um dos mais brilhantes dramaturgos da história, deixou para a posteridade grandes clássicos, que fazem referência a muitos elementos que seguem vivos em pleno século 21. Algumas adaptações, entretanto, conseguem potencializar ainda mais as críticas socias, tão presentes em sua obra – e mais: fazem uso da tecnologia para isso.

Em cartaz no Teatro do Sesi até 26 de junho, “EstudoHamlet.com”, de Cacá Carvalho, faz de “Hamlet” um portal, um link, onde os temas constantes na obra clássica como corrupção, traição, vingança e moralidade dialogam com discursos de diferentes épocas e pensamentos. Na adaptação, o autor traça um paralelo entre a Internet e a as relações humanas, baseadas em redes sociais com a grande questão existencialista presente em “Hamlet”.

As novas montagens e adaptações se diferenciam conforme o público alvo que os diretores pretendem atingir. Fábio Brand Torres escreveu e dirigiu a peça “Shake Shake Baby”, que segue em cartaz em Bibliotecas Públicas de São Paulo até 23 de abril, buscando trazer à tona 100 músicas de 35 diferentes peças de autor inglês. Algumas músicas mantêm a letra e a partitura originais, outras são adaptações. O público alvo são as crianças. “Clássico é clássico. Shakespeare vai ser sempre atual”, garante o dramaturgo.

Desde 1604 “em cartaz”

Encenada pela primeira vez em 1604, “Medida por Medida”, trata de temas atuais como a disputa pelo poder e a corrupção. A trama traz a história de um duque que deixa o cargo para um outro nobre assumir, enquanto finge que está viajando. Na verdade, apenas observava os atos corruptos e autoritários de seu substituto.

“É só buscar a vertente, que conseguimos achar na obra de Shakespeare temas que são banais nos dias de hoje. Em ‘Mediada por Medida’ podemos fazer um paralelo com a atual política de proibições da prefeitura de São Paulo com a série de leis autorárias que Ângelo, governante substituto nessa trama, impõe àquela sociedade. Se naquele enredo era proibido fornicar antes do casamento, hoje é proibido fumar, beber, fazer barulho…”, afirma Val Pires, diretor da adaptação de “Medida por Medida” – traduzido e adaptado por Fábio Bandi Torres – em cartaz durante a última temporada em São Paulo.

O “Bobo do Rei” (Prêmio APCA de Melhor Elenco em 2010) e “Othelito” (Prêmio APCA de Melhor Texto Adaptado em 2007), ambos de Ângelo Brandini, encenados pela Cia. Vagalum Tum Tum, também fazem referências à obras clássicas do “Bardo” (“O Rei Lear” e “Othelo”, respectivamente),  buscando uma linguagem infanto-juvenil.

Seja com montagens fiéis às obras, seja com adaptações, Shakespeare permanece atual.