Terra Ronca, o Brasil do tempo das cavernas

Nosso experiente anfitrião observa cada detalhe da caverna, como se estivesse entrando ali pela primeira vez naquela “escavação feita pela própria natureza”, como ele mesmo descreve.

E quando a pouca luz interior se apaga, uma brincadeira que Ramiro sempre faz com os visitantes, a visão dá outro sentido ao local. As gotas que caem do teto parecem bater mais forte, as asas dos morcegos riscam o silêncio daqueles salões milenares e ‘seu’ Ramiro, o guia, se esconde atrás de uma das colunas, como se fizesse teatro de sombras, e vai pintando com luz os cantos não percebidos pelos visitantes que chegam pela primeira vez.

Entrada da caverna Terra Ronca, considerada uma das maiores do Brasil

Localizado no extremo nordeste de Goiás, Terra Ronca é cenário de uma das experiências de aventura mais fascinantes, em território brasileiro. Essa região de mais de 600 milhões de anos abriga quase 300 cavernas, no Parque Estadual de Terra Ronca (PETeR).

São tantas e ainda tão desconhecidas que tem caverna que está sendo mapeada desde 1973, como a Lapa de São Vicente, com mais de 13,5 km de extensão – considerada a 6ª mais longa do Brasil e dona de 12 cachoeiras em seu interior, onde dá até para fazer rapel em um paredão de 40 metros de altura.

Naquelas terras isoladas de Goiás, tamanho é documento, sim, e seus corredores subterrâneos são um dos mais respeitados destinos de espeleologia do mundo.

A entrada da caverna se dá por uma boca de 96 metros de altura e 120 de largura

Só para ter uma ideia, da lista das trinta maiores cavernas do Brasil, o Parque Estadual de Terra Ronca abriga sete, cujas extensões ultrapassam os 14 km, como a Lapa da Angélica, segundo dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE).

Ao longo de seus 57 mil hectares, o PETeR, uma das maiores concentrações de cavernas da América Latina, conta com 17 grutas abertas para visitação, entre secas e molhadas.

“Tem vários nomes. Pode ser gruta, caverna ou lapa. É como falar de pinga, sabe? Cada um chama de jeito”, vai explicando nosso guia das expedições de Terra Ronca, Ramiro Hilário dos Santos, enquanto vai preenchendo nosso capacete com rocha de carboreto mineral, indispensável para iluminar o interior escuro das cavernas.

Interior da São Bernardo, uma das cavernas do complexo de Terra Ronca, no extremo nordeste de Goiás

“Isso não dá medo, não. Medo eu tenho no carro. É como ir para qualquer outro lugar: tem que andar com respeito, com cuidado e seguir as instruções”, vai explicando ‘seu Ramiro’, diante da minha cara de assombro pelo que está por acontecer.

Regras de comportamento explicadas, capacete sobre a cabeça e a gente nunca parece pronto para o que vai surgir diante dos olhos, nas próximas horas de caminhada.

A atração mais famosa da região é a Terra Ronca, cuja entrada se dá por uma boca de 96 metros de altura e 120 de largura, considerada uma das maiores do País. Atravessada pelo rio Lapa, que margeia nosso caminho, essa caverna impressiona pelos salões imponentes de estalactites e estalagmites.

Segundo a Sociedade Brasileira de Espeleologia, moradores locais relatam que as águas de Terra Ronca têm poderes terapêuticos, no salão natural conhecido como Hospital.

Programe-se para chegar ao local, no final da tarde, para ver a luz natural externa iluminar o primeiro salão.

Com acesso por uma depressão formada pela infiltração de água ou pelo desmoronamento do teto de uma caverna, fenômeno conhecido como dolina, o sistema de três cavernas de São Bernardo fica a 8 km dali e é outra parada obrigatória, cujas extensões passam de 4 km.

Entrada para a Lapa da Angélica, em Terra Ronca, Goiás

A atração mais famosa da região é a Terra Ronca, cuja entrada se dá por uma boca de 96 metros de altura e 120 de largura, considerada uma das maiores do País. Atravessada pelo rio Lapa, que margeia nosso caminho, essa caverna impressiona pelos salões imponentes de estalactites e estalagmites.

Segundo a Sociedade Brasileira de Espeleologia, moradores locais relatam que as águas de Terra Ronca têm poderes terapêuticos, no salão natural conhecido como Hospital.

Programe-se para chegar ao local, no final da tarde, para ver a luz natural externa iluminar o primeiro salão.

Com acesso por uma depressão formada pela infiltração de água ou pelo desmoronamento do teto de uma caverna, fenômeno conhecido como dolina, o sistema de três cavernas de São Bernardo fica a 8 km dali e é outra parada obrigatória, cujas extensões passam de 4 km.

Em parceria com Viagem em Pauta

O Viagem em Pauta é o projeto pessoal do jornalista Eduardo Vessoni, profissional que atua com turismo desde 2008 e já colocou os pés em todos os continentes.

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