Voando de parapente em Balneário Camboriú
Voar fazia parte apenas do currículo das velhas feiticeiras. Com treino e um hocus pocus bem pronunciado, se deleitavam nos céus. Mas no Balneário Camboriú (SC), nem é preciso decorar fórmulas mágicas.
Do alto do Morro do Careca, instrutores transportam os não iniciados no universo do parapente. Com experiência em mais de seis mil saltos, decolam levando os viajantes a uma peregrinação nos céus de Santa Catarina.
“É algo para se experimentar uma vez na vida”, me encoraja, categórico o instrutor “Xixi” arremedo de pássaro, um Ícaro barriga verde, mais para um vespão com aquele agigantado saco marrom às costas.
- Em feito inédito, equipe feminina conquista vaga no torneio tier 1 de Counter Strike
- Estudo alerta para o risco de câncer de intestino em jovens brasileiros
- Quando é o melhor momento para consumir vitamina D
- Por que este traço psicológico pode indicar falta de ômega 3?
Talvez se o vento se aquietasse, ou fosse mais perto do chão, ou se … ia eu inventando desculpas para ganhar tempo. Enquanto isso, o filhote de Santos Dumont, saltava no vazio com os aventureiros munidos daquela inocência e coragem típicas dos irresponsáveis.
No final da tarde, todos já haviam mergulhado naquele azulzãozinho celestial. Só eu restava ali, desamparada no cocuruto pelado do morro. Foi quando o desajeitado passarolo com sadismo, imaginei, já me afivelava aquelas tralhas todas.
Péra um pouco, supliquei me agarrando na última clemência: o sol está se mandado. – “E daí guria, tu vai fazer o mais belo voo. Logo, logo, tudo vai ficar dourado: as águas do mar, o céu, o ar, e até o seu coração. Douradaço! Quer mais? Essa cor vai grudar na sua alma”. Tá, tá, tá bom, não penso mais. Vou.
– “Corre, corre, corre, abre os braços, deixa os olhos bem abertos, vãoboraaaaaa”.
Upalalá, zummmm, ô- ôôôôô! Rodeada de azul por todos os lados e mais em cima e abaixo, fiquei cabriolando naquele transbordamento de azuis celeste, cobalto, anis e safira.
Bebo ou como a paisagem? Alguma vez já tive os pés no chão? Me acuda Violeta Parra! Como definir o que essa emoção fez comigo, você que voltou aos dezessete? ‘Cré, com cré, lé com lé, uma asa em cada pé’, como por encanto voltei aos seis. Até hoje, não assimilei completamente essa alada proeza.