A glória de Ismael nos anos 1960

O compositor brilhou, mesmo que poucas vezes, depois de seu principal período de sucesso|O compositor brilhou, mesmo que poucas vezes, depois de seu principal período de sucesso

Ismael Silva, o Cidadão Samba de 1960

Ismael Silva passa por muitas dificuldades após viver seus anos de ouro na década de 1930. No entanto, um episódio reafirma tudo o que ele fez pela música popular brasileira: o compositor ganha o Cidadão Samba, em 1960, um prêmio anual concedido pela imprensa carioca à personalidade de destaque entre os sambistas do Rio de Janeiro.

Enquanto o jornalista José Paiva dos Santos, o Paivinha, preparava-se para vencer o título pelo terceiro ano consecutivo, o crítico musical Sérgio Cabral pronunciou que elegeria Ismael Silva. Assumindo um papel de ativista, ele partiu para ofensiva em prol da eleição de seu candidato no Jornal do Brasil, para o qual fazia a cobertura do Carnaval.

A princípio, a reeleição de Paivinha fora atribuída a suposta compra de votos possibilitada pelo poder aquisitivo do jornalista. Mesmo que a chance de Ismael ganhar não fosse grande, a reviravolta foi surpreendente – e também trapaceada.

No dia 3 de fevereiro de 1960, o resultado foi divulgado: 87.280 votos para Ismael e 57.626 para Paivinha. Naquele ano, Ismael vence o título que, segundo Sérgio, era “de fato e de direito” do sambista.

Mais tarde, o compositor descobre que seus amigos foram responsáveis por pagar pela quantidade de votos em um plano arquitetado por Sérgio. Mesmo assim, a jogada trouxe Ismael de volta a vida artística.