A primeira vez que a compositora foi chamada pelo nome artístico “Dona” Ivone Lara foi em 1970, na faixa 3 do disco “Sargentelli e o Sambão – ao vivo – o Botequim da Pesada“, que contempla a canção “Sem Cavaquinho Não”, de Ivone e Mano Décio da Viola.

“Da famosa Escola de Samba Império Serrano, ‘Sem Cavaquinho Não’, de Dona Ivone e Mano Décio”, cravou o próprio Sargentelli durante a canção. O tratamento foi criado pelo apresentador e produtor da cantora, Adelzon Alves.

Osvaldo Sargentelli foi radialista, apresentador de televisão e empresário da noite brasileiro. Em 1964, após ser foi proibido pelo regime militar de continuar apresentando os programas “O Preto no Branco” e “Advogado do Diabo”, nos quais fazia perguntas polêmicas aos seus entrevistados, Sargentelli parte para o samba. Abriu a casa de espetáculos “Sambão”, em Copacabana, em 1969. Em 1970, abriu a “Sucata” e, em 1973, o “Oba-Oba”.

Em 1978, quando terminou de gravar o primeiro álbum solo, Ivone ainda relutava em ser chamada de “Dona”. Aos 56 anos, achava-se nova demais para o tratamento. Sem o conhecimento da artista, Adelzon mandou a arte do disco para a gráfica. O nome pegou e ela nunca mais o abandonou.

De qualquer maneira, ainda há controvérsias sobre o tema, pois em 1985 lançou o LP “Ivone Lara” e disse publicamente que o “Dona” nunca havia lhe trazido sorte em termos de vendas de discos.