Baluarte da Portela, Casquinha morre aos 95 anos

O samba está de luto. Morreu na noite desta terça-feira, dia 2, um dos grandes baluartes do gênero, Otto Enrique Trepte, mais conhecido como Casquinha da Portela. Problemas de insuficiência renal e uma infecção generalizada seriam as causas do falecimento.

Casquinha da Portela

Nascido no dia 1 de dezembro de 1992, em Ricardo de Albuquerque, zona norte do Rio de Janeiro, Otto Enrique Trepte mudou-se ainda criança para Oswaldo Cruz. Ganhou o apelido inusitado na escola depois de ter comido um pedaço de carne que caíra do prato de um colega, como relata o biógrafo João Baptista Vargens, no livro “Casquinha da Portela – Andanças e Festanças”, lançado em 2016.A convite de Candeia, Casquinha passou a frequentar os ensaios da Portela, onde despontou como compositor reconhecido e atuante, chegando a ocupar, anos depois, o cargo de presidente da renomada ala de compositores da agremiação.

Em 1959, em parceria com Candeia, Waldir 59, Altair Prego e Bubu, escreveu o samba-enredo “Brasil, Pantheon de Glórias”, com o qual a Portela foi campeã. Na década de 1960, fez parte do grupo Mensageiros do Samba, com Bubu, Arlindão, Jorge do Violão, Candeia, David do Pandeiro e Picolino.

Em 1964, Casquinha tornou-se o primeiro parceiro de Paulinho da Viola na Portela, no samba “Recado”, que virou um clássico da MPB, tendo sido gravado por Elza Soares, Nara Leão, MPB-4 e Jair Rodrigues.

Integrante da Velha Guarda da Portela desde o lançamento do primeiro disco do grupo, em 1970, o sambista também é autor de outros clássicos, como “A Chuva Cai”, “Falsas Juras”, “Maria Sambamba” e “Coroa Avançada”. “Preta Aloirada”, “Sonho do Escurinho” e “Gorjear da Passarada” também se destacam no repertório musical de Casquinha, que consagrou-se, ainda, como representante do samba sincopado e do partido-alto.