Duas figuras do samba completam 100 anos

Nomes de peso marcam seu centenário em 2014, mas nem todos ganham a devida atenção|Nomes de peso marcam seu centenário em 2014, mas nem todos ganham a devida atenção

Os centenários de Dorival Caymmi e Lupicínio Rodrigues inevitavelmente ofuscam outros mestres da música brasileira. Em 2014, Aloysio de Oliveira e Hervé Cordovil também completariam 100 anos. Suas contribuições no cenário musical, no entanto, não foram poucas e muito menos esquecidas.

Os centenários de Hervé e Aloysio são comemorados este ano

Integrante do Bando da Lua, Aloysio de Oliveira cantava e tocava violão. Dos sete membros, ele foi um dos quatro escolhidos para acompanhar Carmen Miranda em shows nos Estados Unidos. O início da década de 1940 foi crucial para deslanchar sua carreira.

Em território norte-americano, Aloysio teve a chance de conhecer Walt Disney. O encontro levou o cantor a participar das gravações de filmes encomendados pelo governo estadunidense em nome da política de boa vizinhança com os países latinos. Além de atuar e cantar em filmes, acumulou mais de 30 discos com o Bando da Lua.

Após a morte de Carmen Miranda, em 1955, ele retorna para o Brasil e assume a direção artística da Odeon no país. Como produtor, lançou o LP mais importante da bossa nova, “Chega de Saudade“, de João Gilberto. Como compositor, foi um grande parceiro de Tom Jobim, com quem compôs a famosa canção “Dindi”.

Hervé Cordovil, diferente de Aloysio, traçou sua carreira em solo brasileiro. Embora tenha tido expressivas participações em filmes, não atuava como o colega, mas sim compunha músicas para trilhas sonoras. Coincidentemente, ambos integraram as equipes dos longas “Estudantes”, dirigido por Wallace Downey, e “Alô, Alô Carnaval”, de Ademar Gonzaga.

O compositor e pianista assinou diversas parcerias com consagrados nomes da música popular brasileira. Com Noel Rosa, escreveu o samba “Triste Cuíca“. Passando pelas marchinhas, fez “Madame do Barril” com Lamartine Babo. Com o mestre pernambucano Luiz Gonzaga compôs “Baião da Garoa” e com o paulista Adoniran Barbosa, lançou “Prova de Carinho“.

Com grande atuação nas rádios, sendo um dos mais requisitados pianistas da década de 1930, Hervé também atuou como maestro. Desenvolto em várias vertentes musicais, ele tinha o ecletismo como uma de suas principais características – afinal, não é qualquer um que domina o choro, jongo, samba-canção, marcha e o baião com tanta destreza.