IJB digitaliza e cataloga arquivo pessoal de Jacob do Bandolim

Matéria do crítico musical José Ramos Tinhorão

Jacob do Bandolim foi mais do que um dos principais chorões brasileiros e gênios do instrumento que lhe rendeu o apelido. Ao longo de sua vida, o compositor guardou documentos e gravou áudios que resultaram no maior arquivo do gênero do choro no Brasil. Todo este material foi digitalizado e catalogado pelo Instituto Jacob do Bandolim e estará disponível para o público no MIS/RJ ainda este ano.

O projeto do IJB, contemplado pelo Programa Petrobrás de Cultura 2012, reuniu cerca de 10 mil itens colecionados por Jacob. São aproximadamente 1600 papéis datados a partir de 1936 e 400 horas de áudio, registradas em 200 fitas ao longo de 20 anos. O acervo, que traz materiais inéditos, é um registro raro da música popular brasileira na primeira metade do século XX.

Entre os papéis, manuscritos, textos pessoais, cadernos datilografados, capas de disco, fotos e, em especial, 6 mil partituras foram digitalizados. Dos áudios, gravados entre 1955 e 1969 e digitalizados em 2007, foram catalogados 3 mil faixas musicais, programas de rádio com arranjos que foram tocados apenas uma vez, entrevistas com artistas da música popular brasileira, saraus que Jacob fazia em sua casa aos sábados, entre outros tesouros “esquecidos”.

Após a morte de Jacob, em 1969, a maioria do seu arquivo ficou sob a guarda do MIS e o restante sob os cuidados de sua família. Desde 2003, o IJB propôs-se a recuperar todo material que corria o risco de se deteriorar ou se perder. Em 2012, o Instituto deu início à digitalização e identificação do arquivo quase completo, com previsão de conclusão para outubro de 2014.

Celebração

Para marcar o encerramento do projeto, serão realizados um show e uma palestra. O professor e músico Pedro Aragão é responsável por ministrar o encontro com convidados especiais que detalha a composição do acervo e as técnicas que Jacob utilizava. Já o bandolinista Déo Rian, que presenciou a dedicação do mestre com o seu arquivo, sobe ao palco.