Marquinhos de Oswaldo Cruz fala sobre a importância do Trem do Samba
Criado em Oswaldo Cruz, Marquinhos teve a oportunidade de conhecer personagens marcantes para a sua formação de sambista desde cedo. “A influência vem de berço. Meus pais fizeram parte da única escola de samba que teve em Madureira, a Tamarineira. Meu pai era ritmista, tocava o tamborim”, recorda o músico em entrevista exclusiva ao Samba em Rede.
O sambista mantinha contato constante com Seu Argemiro e Seu Manacéia, nomes históricos do samba e grandes amigos de sua família. Seu pai tinha uma loja de construção e os sambistas eram seus clientes. Seu Manacéia costumava levar CDs para o então menino escutar e seu Argemiro contava histórias do gênero.
A vida musical profissional de Marquinhos de Oswaldo Cruz começou nas famosas rodas de samba dos subúrbios cariocas: os pagodes da Tia Doca, de Argemiro da Portela, do Serrão, do Cacique de Ramos e do Centro Cultural Lima Barreto. “Lembro da primeira vez que cantei no Pagode da Tia Doca: ali eu soube realmente o que queria fazer da vida. O samba é o sussurro da voz ancestral, muito do nosso povo está no samba”, crava Marquinhos.
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Atuante articulador cultural, Marquinhos é idealizador dos projetos Acorda Oswaldo Cruz, Trem do Samba, Feijoada da Velha Guarda da Portela e a Feira das Yabás. “O movimento do Acorda surgiu com o intuito de chamar a atenção para uma riquíssima história cultural do bairro que estava despercebida. Eu não conseguia imaginar que os autores de canções como “Quantas Lágrimas”, “Doce Melodia”, “Quero Viver Como um Passarinho” e “A Chuva Cai” passavam pelas ruas do bairro e ninguém sabia quem eram.”
O Pagode do Trem, hoje conhecido como Trem do Samba, é realizado anualmente no dia 2 de dezembro desde 1995 em comemoração ao Dia Nacional do Samba com o objetivo de exaltar o protagonismo do bairro na história do samba. “Tenho noção da importância dessa comunidade para o samba. A Velha Guarda da Portela é a atração principal deste ano, mas tem também Thaís Macedo, Casuarina, Wilson Moreira e Nelson Sargento. É um verdadeiro choque de tradição com a novidade, mas sempre com o respeito e dedicação que o gênero merece.”
“Oswaldo Cruz talvez seja um lugar com mais bens materiais e imateriais da história do samba no Rio de Janeiro e o Trem do Samba funciona como uma espécie de oxigenador de toda essa memória coletiva”, conclui Marquinhos.