Maurílio de Oliveira representa o samba no The Voice Brasil
Escolhido por Carlinhos Brown para fazer parte de seu time no The Voice Brasil, Maurílio de Oliveira é paulista, tem 36 anos e uma vasta história no mundo da música.
Cantando desde os 13 anos, o artista também é compositor e teve canções gravadas por importantes artistas da música brasileira, como Maria Rita, Jair Rodrigues e Alcione. Um dos fundadores do Samba da Vela, Maurílio também integra a dupla Prettos, na qual canta junto com o irmão Magnu Sousá, ambos ex-integrantes do extinto Quinteto em Branco e Preto.
No programa, Maurílio cantou a música “Verdade”, muito conhecida na voz de Zeca Pagodinho e de autoria de Nelson Rufino. Com a animação típica de Carlinhos Brown e a empolgação de Maurílio por ter passado para a próxima fase do programa, a classificação foi comemorada em ritmo de samba.
Em entrevista concedida por e-mail ao Samba em Rede, Maurílio mostra sua perspectiva sobre a classificação no programa:
Como e quando você decidiu que queria participar do The Voice Brasil?
Minha decisão de entrar no programa se deu por conta de uma questão cultural que sinto acontecer no público do samba, que é adormecer seus artistas em suas vidas quando não são famosos. As pessoas podem amar o tipo de samba que eu faço, mas ainda optam por prestigiarem quem está na mídia.
Ao contrário do que muitos pensam, o The Voice Brasil não é um show de calouros para iniciantes. A maioria dos participantes já tem um trabalho sólido igual ao meu. Nosso objetivo maior é dar um up na carreira e ampliarmos nossos conhecimentos e experiências. A minha participação no programa, sendo o sambista que sou, com o nome que tenho, com tudo já construí junto com meu irmão Magnu Sousá, antes de ser um ato de amor e inteligência, é um ato de muita coragem.
Qual a sensação de participar da equipe de Carlinhos Brown? Quais são as suas expectativas?
Trata-se de um artista completo e com uma vasta experiência no mercado nacional e internacional. O que mais admiro nele é sua atitude de ser cada vez mais brasileiro, além da visível atmosfera espiritual ligada à sua obra. É nítido seu olhar de acolher e salvar e acreditar na arte brasileira.
Não tinha dúvidas de que sua cadeira viraria porque claro, sem desmerecer os outros, ele é profundo conhecedor da linguagem do gênero samba e compreender um sambista em sua linguagem mais autêntica não é pra qualquer um. Carlinhos sabe das coisas!
Entrei no programa para criar oportunidade e não expectativa, porque acho que a expectativa não concluída frustra. Optei por criar mais uma oportunidade. Isso já me faz um vencedor desde então.
Como a sua participação no programa vai impactar o seu atual projeto, Prettos, a dupla formada ao lado de seu irmão?
Já está impactando. Primeiro por ser incomum a participação de alguém do samba em reality shows, alguém que viva artisticamente e exclusivamente do samba. Automaticamente beneficia todos os projetos que eu venha fazer, principalmente com os Prettos.
Já aproveitando o espaço, quero dizer que os Prettos não acabou, que não estou me lançando em carreira solo: estamos mais juntos que nunca, mas agora temos a possibilidade de optar por vários caminhos na música…
Como foi subir ao palco e não ver o Magnu ao seu lado?
Eu e meu irmão tivemos que nos preparar para estarmos fisicamente separados em alguns momentos de nossas vidas. Nossa relação musical tem o mesmo tempo de nossa relação de irmãos. Na questão espiritual nunca tive dúvidas de que ele estaria comigo em qualquer plano. Já no palco, sem ele, confesso, não foi nada fácil.
Qual a importância de ser um representante do samba e ser de São Paulo em um programa de âmbito nacional?
A principal importância é ver o samba lá, independente de sua região ou vertente. De todos os gêneros musicais, o único que não pode faltar de jeito nenhum é o samba, pois se trata da maior identidade do povo brasileiro. A beleza da diversidade nos estilos é indispensável e indiscutível, porém estamos no Brasil, então nada mais justo do que ver o samba participando do The Voice Brasil.
O que te motiva? Quais são os seus próximos passos? E desafios?
O que me motiva é o amor pelo que faço. Os próximos passos são os mesmos de sempre. Graças a Deus, hoje posso viver da minha música, do meu samba, mas o pior dos desafios é o processo de informar as pessoas do processo artístico musical.
Ainda existem músicos, cantores e compositores no Brasil que mal sabem o que é uma carteira da OMB. Há pessoas que nunca ouviram falar de direitos autorais e conexos. Pessoas que nunca assinaram uma nota contratual.
Compositores que nem imaginam que existem fontes arrecadadoras de direitos autorais. Os artistas amadores desconhecem muitas coisas que formam o artista profissional. Deveria ter faculdade para formar artistas. A coisa fica ainda mais distante quando o assunto é a indústria fonográfica. A maioria não segue adiante por falta de informação e interesse. Informar as pessoas do samba é um dos nossos maiores desafios.