Mug fala sobre o 1º campeonato da Rosas de Ouro no grupo especial

Integrantes da Rosas de Ouro (1975); Mug é o primeiro à esquerda. 

Baluarte da Sociedade Rosas de Ouro e também um de seus mais importantes compositores, Mug contou uma de suas histórias ao Terreirão Cultural. Atuando na escola desde a sua fundação, hoje compõe a Velha Guarda do Samba de Vila Brasilândia.

Avenida Tiradentes – 1983

“Em 1982, disputei o concurso de sambas de enredo para a escola Rosas de Ouro para o desfile do carnaval de 1983. Nosso samba (com a caneta de Mug/Vô/Dicá) foi para a final e, embora tivéssemos a preferência dos integrantes da agremiação, fomos preteridos por estarmos participando pela primeira vez na disputa. O vencedor acabou sendo o saudoso Zeca da Casa Verde que, após o anúncio do samba campeão, fez um outro samba para colocar no lugar do que ganhou. Caso inédito na escola!

Embora chateado, fui para o desfile de 1983. Neste ano, a Rosas de Ouro falou sobre “Nostalgia”, um enredo belíssimo que retratava a época romântica de São Paulo, os bondes, a garoa e os seresteiros. Durante o desfile, uma das molas do carro alegórico que representava um carrossel se desprendeu, dando a sensação de que a qualquer momento o carro quebraria de vez.

Desfilando na harmonia junto com meu amigo Zezinho, fomos testemunhas do ocorrido e corremos para ver o que era possível fazer. Num esforço descomunal, desfilamos embaixo do carro como parte da engrenagem do veículo para conseguirmos atravessar a avenida. Assim fomos durante quase todo o desfile; na dispersão, nossas mãos e costas muito machucadas. Conseguimos fazer com que o carro não atrapalhasse o desfile, que sagrou a escola como a grande campeã…

Foram muitas as lágrimas e um caminhar de dever cumprido… A Rosas de Ouro se tornaria pela primeira vez campeã do Carnaval no grupo especial de São Paulo. Embora ferido na alma e no corpo, fui para a guerra e saí vencedor…”