O pagode e o Cacique de Ramos

11/08/2014 00:00 / Atualizado em 06/05/2020 16:43

 
 
A palavra pagode existe desde o início do samba carioca quando as “tias baianas” abriam suas casas para fazer batucada. Era um termo afetivo para caracterizar o samba, de modo que ambas as denominações acabavam por significar a mesma coisa: um encontro para comer, beber, dançar e cantar.

Com o tempo, a palavra foi ganhando novas acepções, pois denominava um novo gênero – até hoje em debate sobre ser ou não uma derivação do samba. Inovador em ritmo, melodia e instrumentos, o pagode que se conhece atualmente nasce no início de 1960.

O principal ponto de referência desde movimento, que se afirmou apenas em 1980, foi o Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos. Fundado em 1961, somente no início da década de 1970 o bloco dá início aos encontros musicais. Embaixo de uma tamarineira, músicos faziam uma roda de pagode.

Ali, surge a primeira geração de compositores que não construíram suas carreiras dentro de escolas de samba. Arlindo Cruz, Sombrinha, Zeca Pagodinho e Jorge Aragão são alguns dos talentos descobertos no Cacique.

No entanto, o principal nome do pagode não se limita a somente um artista. Também oriundo do bloco, o grupo Fundo de Quintal torna-se a mais importante manifestação do gênero até hoje. O conjunto, que contou com diferentes músicos ao longo de 35 anos de trajetória, contribuiu para as inovações que distinguem o samba do pagode introduzindo novos instrumentos e produzindo novas sonoridades.

O repique de mão criado por Ubirany, o tantã criado por Sereno e o banjo com braço de cavaquinho criado por Almir Guineto – todos integrantes do Fundo de Quintal – são alguns exemplos. Além disso, ajudaram a moldar o novo gênero com arranjos mais acelerados e letras mais simples.

O Cacique teve uma relevância tão significativa para os rumos da música brasileira que foi tombado como Patrimônio Imaterial do Rio de Janeiro em 2010.