O pintor e compositor pioneiro do samba

“Moenda” (1951)

Heitor dos Prazeres foi, além de um dos grandes compositores pioneiros do samba, um dos pintores mais expressivos do Brasil. Reconhecido país afora, ele retratava o universo da batucada, pintando elementos essenciais como as rodas, mulatas e os malandros.

Seu talento nas artes lhe rendeu um prêmio na Bienal de São Paulo, em 1951, pelo quadro “Moenda”. Sua carreira na música teve reconhecimento um pouco mais cedo, em 1929, quando venceu um concurso com o samba “A tristeza me persegue“, composta em parceria com João da Gente.

Neste mesmo ano, fez sucesso com o samba “Deixaste o meu lar“, escrito com Francisco Alves e cantado por Mário Reis. Entre as suas composições, destacaram-se também “Mulher de malandro” (1° lugar em um concurso carnavalesco em 1932), “Lá em Mangueira” (com Herivelto Martins) e “Pierrô apaixonado” (com Noel Rosa).

Naquela época, era comum um samba sair na roda, coletivamente, e uma pessoa registra-lo em seu nome apenas. Até então, o compositor começava a ser entendido como um profissional e os créditos começavam a ser registrados com mais cuidado. Heitor implicava que seus melhores sambas não levavam o seu nome, como “Gosto que me enrosco” e “Dor de cabeça”, os quais acusou Sinhô de ter se apropriado.

Sua representatividade no samba também é abrilhantada por ter participado da fundação das escolas de samba Mangueira, Portela e Deixar Falar, a futura Estácio de Sá. Por outro lado, seu desempenho na pintura resulta em uma sala especial na 2ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1953. Além disso, ainda cria cenários e figurinos para o Balé do IV Centenário de SP.

Embora tenha iniciado sua carreira artística na música, Heitor faleceu representando a pintura. No ano de sua morte, em 1966, suas obras foram escolhidas para representar o Brasil no I Festival Mundial de Artes Negras de Dacar, no Senegal.