Paulo Machline leva momento crucial da vida de Joãosinho Trinta às telas

O longa do diretor aborda a trajetória de um dos maiores carnavalescos do Brasil

Joãosinho Trinta ganha vida em longa de Paulo Machline

Paulo Machline brinca que o documentário “A Raça Síntese de Joãosinho Trinta” foi acidental, já que seu objetivo sempre foi dirigir a ficção “Trinta”, lançada na última quinta-feira, 13. Em salas por todo o Brasil, o longa conta a história de “um gênio improvável”, segundo ele.

O gênio em questão é Joãosinho Trinta, que saiu da escola aos 12 anos por questões financeiras, se escondia na biblioteca para ler clássicos como Shakespeare, fugiu de casa aos 16 anos com o sonho profundo de ser bailarino – mas a baixa estatura o fez abrir mão da ideia – e acabou descoberto um mestre do Carnaval. O encanto de Paulo por sua história só aumentou conforme realizava longas entrevistas com o próprio.

O projeto de transformar Joãosinho em seu personagem tem início em 2003. Após descobrir um pouco de sua vida em uma crônica de Carlos Heitor Cony,  Paulo percebeu que não havia um retrato do homem antes de se tornar um artista. Para poder desenha-lo, o diretor começou a produzir seu material e acumulou mais de 60 horas gravadas com o mestre.

“Enquanto não era viável fazer o longa, decidi mudar a vertente”, Paulo explica porque o documentário foi lançado antes, em 2009. De fato, com pouca verba seria impossível realiza-lo. Em “Trinta”, foi necessário reconstruir o primeiro Carnaval do Salgueiro organizado por Joãosinho, em 1974, vencido com o enredo “O Rei de França na Ilha da Assombração”.

Baseado no que aconteceu de fato, a ficção se apropria de elementos futuros para criar uma uma textura carnavalesca. “Meu cinema briga com o naturalista, quero glamurizar o cinema. Eu opto por uma linguagem que foca na ação”, o diretor também do filme Natimorto explica. A explosão de cores, embora à época os desfiles fossem muito mais pobres, acompanha o Carnaval de hoje e marca o ponto-chave do filme: a transição da frustração no mundo erudito para realização no universo popular.

O título “Trinta”, por sua vez, remete aos elementos ficcionais da obra e à soma de experiências de Joãosinho. Por sinal, “É com ‘s’ por causa da numerologia, ele odiava que escrevesse com ‘z’. Assim como Trinta, que é seu sobrenome, tinha que ser por extenso e não com o número”, Paulo revela.

Assista ao trailer: