Roberta Sá canta Powell, PC Pinheiro, Calcanhotto e Martinho no álbum Delírio’
Roberta Sá acaba de lançar o álbum “Delírio“, o sexto na carreira da cantora. O novo trabalho conta com 11 faixas inéditas e participações especiais de Chico Buarque, Martinho da Vila, António Zambujo e Xande de Pilares. Com dez anos de carreira, a cantora estava há três anos sem lançar um disco. Escute o álbum completo aqui.
A direção musical é de Rodrigo Campello, que também toca guitarra e violão tenor e assina os arranjos e as programações. No repertório, composições de autores como Paulo César Pinheiro, Baden Powell, Martinho da Vila, Cézar Mendes e Adriana Calcanhotto, além da canção “Boca em Boca”, escrita por Roberta e pelo cantor Xande de Pilares.
Em entrevista concedida ao Samba em Rede, Roberta Sá falou sobre as referências e parcerias musicais presentes em “Delírio”:
- Rod Hanna lança The Best of Flashback Live nesta sexta
- Shows de Funk Como Le Gusta e FBC agitam fins de semana no Sesc Santo André com ritmos da cultura urbana
- Jaques Morelenbaum CelloSam3aTrio faz show de lançamento do novo álbum
- Leila Pinheiro e Antônio Adolfo no palco do Blue Note SP neste sábado
Você está lançando um novo disco de estúdio após três anos. O que você experimentou de diferente nesse período que puxou o conceito de “Delírio”?
Experimentei tanta coisa! Fiz turnê do “Segunda Pele”, meu disco anterior que era mais pop, depois fiz a turnê do prêmio da música cantando Tom Jobim ao lado de João Bosco, Zélia Duncan, Zé Renato e Adriana Calcanhotto. Depois o projeto “Nivea Viva o Samba” ao lado de Diogo Nogueira, Alcione e Martinho da Vila. A convivência com esses artistas foi muito enriquecedora pra mim e me fez entender o que eu queria cantar, como eu queria me relacionar com a música.
Nesse último projeto me aproximei muito do Martinho que me presenteou com “Amanhã É Sábado”, e no prêmio convivi com a Adriana Calcanhotto, que fez “Me erra” para o disco. O “Delírio” começo a nascer em mim daí.
Como se deu o processo de pesquisa de repertório? Alguém que você passou a ouvir se tornou influência para o seu trabalho?
Isso pra mim acontece naturalmente. Bebo água todo dia, pesquiso repertório todo dia. Em relação a sonoridade, devo dizer que o António Zambujo, cantor português e amigo querido que divide comigo a faixa “Covardia”, de Mário Lago e Ataulfo Alves, foi uma grande referência. Fui incentivada por ele a gravar com menos edição, quase como que ao vivo, e isso me deu vontade de cantar novamente.
De que maneira o repertório de “Micróbio do Samba”, disco autoral de Adriana Calcanhotto, a inspirou?
Muito. Nesse disco a Adriana me apresentou um universo poético , um jeito de falar de amor dentro do samba que tem me interessado. O papel da mulher mudou socialmente: conquistamos muitas coisas e essa postura tem que aparecer no que escolho interpretar.
O álbum “Quando Canto é Reza”, que exalta a obra de Roque Ferreira, passeia por diferentes ritmos como coco, maxixe, samba carioca, maracatu, ijexá, ciranda, afoxé, samba-choro e samba de roda. Neste álbum você também trabalha com compositores baianos, como Cézar Mendes, Moreno Veloso e Capinan. Como você enxerga esse diálogo entre as sonoridades baiana e carioca no novo álbum?
Música boa conversa – é muito mais simples do que parece. É inconsciente coletivo. Cézar foi um presente que a música me deu.
No seu último trabalho você regravou a canção “No Arrebol”, do grande mestre Wilson Moreira. Desta vez, ao mergulhar novamente na essência do samba, você elencou parceiros da mais alta patente como Martinho da Vila e Xande de Pilares. Como foi interpretar e compor ao lado destes ícones?
Foi lindo demais. Eu estou tão feliz que nem acredito. Eles foram tão generosos comigo. Muito bom saber que em 12 anos de carreira construí essa possibilidade de trocar com esses ídolos. Fui pedir uma música para o Xande e ele pediu que eu mandasse alguma coisa minha, mandei a primeira parte da música e ele me mandou de volta ela pronta. Ele faz compor parecer fácil.
Os dez anos desde o lançamento de seu primeiro álbum “Braseiro” foram comemorados em 2014. De que modo você e sua música se transformaram ao longo dessa década? O que você sente que está mais presente nesse álbum agora? Onde você se sente mais madura atualmente? E insegura?
O lado bom de envelhecer é amadurecer. Procuro isso nos meus trabalhos, andar pra frente, evoluir. Acho que a grande diferença é que estou mais tranquila. Mas tenho procurado cada vez mais
Como tem sido a resposta do público desde o lançamento do disco? E você já está pensando em novos projetos?
O disco saiu nas plataformas digitais, as pessoas estão escutando ainda, mas só ouvi coisas lindas.
Confira com exclusividade o terceiro episódio do making of da gravação de “Delírio” em que Roberta revela detalhes da gravação do disco e conta como decidiu gravar três canções de Cézar Mendes. Baiano de Santo Amaro, Cézar está no projeto com as músicas “Se for pra mentir”, parceria com Arnaldo Antunes, “Um só lugar”, composta com Moreno Veloso, e “Não posso esconder o que o amor me faz”, com Capinan.
Você confere também como foi a gravação da música “Boca em Boca”, parceria de Roberta com Xande de Pilares, que toca banjo na faixa: