Consumo de alimento ‘saudável’ está associado a risco de câncer

Entenda por que consumo de alimento considerado saudável está associado ao desenvolvimento de câncer

Alimento x câncer: porção de peixe cozido corresponde a cerca de 140-170 gramas, equivalente a uma lata de atum de 142 gramas – iStock/Getty Images
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Alimento x câncer: porção de peixe cozido corresponde a cerca de 140-170 gramas, equivalente a uma lata de atum de 142 gramas – iStock/Getty Images

Considerado ótima fonte de proteína e com menos calorias do que as carnes vermelhas, o peixe está geralmente associado à cartilha de uma dieta saudável por nutricionistas.

No entanto, estudo conduzido por pesquisadores da Brown University e publicado na revista Cancer Causes & Control, revela que comer peixe duas vezes por semana pode aumentar o risco de desenvolvimento de melanoma, um tipo de câncer de pele, em até cinco vezes.

Para chegar à evidência observada, a pesquisa acompanhou 491.367 participantes ao longo de 15 anos, com idade média de 62 anos. Basicamente, a equipe avaliou a frequência com que os participantes consumiam peixe frito, peixe não frito e atum.

Segundo os resultados observados, 5.034 participantes (1%) desenvolveram melanoma maligno. E 3.284 (0,7%) desenvolveram melanoma in situ (estágio 0), caracterizado pela presença de células cancerígenas na camada superior da epiderme, também conhecido como “pré-câncer”.

Os números levaram os pesquisadores a constatar que um maior consumo de peixe e atum não fritos representava um maior risco de melanoma. Em comparação com aqueles que tinham uma ingestão média diária de atum de 0,3 gramas, aqueles com uma ingestão média diária de 14,2 gramas de atum apresentaram um risco 20% maior de melanoma maligno e um risco 17% maior de melanoma em estágio 0.

Por outro lado, o estudo não identificou associações significativas entre o consumo de peixe frito e o risco de melanoma maligno ou melanoma em estágio 0.

Qual a relação entre o alimento e o câncer

A provável explicação para o aumento do risco de câncer, segundo os autores do estudo, está relacionada à presença de biocontaminantes, como o mercúrio. “Nossas descobertas podem ser atribuídas a contaminantes presentes nos peixes, como bifenilos policlorados, dioxinas, arsênico e mercúrio”, afirmou o autor do estudo, Eunyoung Cho.

“Estudos anteriores descobriram que um maior consumo de peixe está associado a níveis mais elevados desses contaminantes no organismo e identificaram associações entre esses contaminantes e um maior risco de câncer de pele”, disse.

“No entanto, ressaltamos que nosso estudo não investigou as concentrações desses contaminantes nos corpos dos participantes, e portanto, são necessárias mais pesquisas para confirmar essa relação.”