Medicamento para dormir aumenta risco de Alzheimer, diz estudo

Distúrbios do sono podem ser um sinal precoce de doenças neurodegenerativas

Por Wallace Leray em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
11/02/2025 15:33 / Atualizado em 12/02/2025 19:38

O Zolpidem, um dos medicamentos mais prescritos para tratar a insônia, pode ter impactos negativos na saúde do cérebro. Um estudo realizado por cientistas das Universidades de Rochester (EUA) e Copenhagen (Dinamarca), publicado na revista Cell, revelou que essa substância interfere em um importante mecanismo de limpeza cerebral, o que pode aumentar o risco de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer.

Medicamento para dormir aumenta risco de Alzheimer, diz estudo
Medicamento para dormir aumenta risco de Alzheimer, diz estudo - iStock/images4

O papel do sistema glinfático na saúde cerebral

Nosso cérebro possui um sistema essencial para eliminar toxinas e resíduos acumulados ao longo do dia: o sistema glinfático. Esse mecanismo atua especialmente durante o sono, removendo proteínas prejudiciais, como a beta-amiloide e a tau, que estão associadas ao desenvolvimento de doenças como Alzheimer.

O estudo demonstrou que o Zolpidem compromete esse processo ao reduzir a atividade do sistema glinfático. Os pesquisadores observaram que, em camundongos, a administração do medicamento resultou em uma menor remoção de toxinas cerebrais, o que pode acelerar a degeneração neuronal caso o uso do remédio seja prolongado.

O uso prolongado de Zolpidem pode afetar a função cerebral e aumentar os riscos de doenças como Alzheimer.
O uso prolongado de Zolpidem pode afetar a função cerebral e aumentar os riscos de doenças como Alzheimer. - iStock/David_Sch

Sono e sua relação com a saúde do cérebro

O sono não é apenas um período de descanso, mas um momento crucial para a recuperação e manutenção da saúde cerebral. Pesquisas já indicavam que distúrbios do sono, como insônia crônica e apneia, aumentam o risco de demência e outras doenças neurológicas.

Além disso, dificuldades para dormir podem ser um dos primeiros sinais de alerta para problemas neurodegenerativos. Alterações no padrão de sono podem surgir anos antes do diagnóstico de Alzheimer, o que reforça a importância de cuidar da qualidade do descanso noturno desde cedo.

Métodos avançados na pesquisa científica

Para investigar como o Zolpidem afeta o cérebro, os pesquisadores utilizaram tecnologias sofisticadas, como fotometria de fibra de fluxo e eletroencefalograma, que permitiram acompanhar, em tempo real, as mudanças na atividade cerebral.

Os resultados indicaram que o medicamento interfere na sincronia entre neurotransmissores, fluxo sanguíneo e o líquido cefalorraquidiano – processos essenciais para a eliminação de resíduos cerebrais e a manutenção das funções cognitivas.

O sistema glinfático é crucial para a saúde do cérebro, eliminando toxinas que podem acelerar doenças neurodegenerativas.
O sistema glinfático é crucial para a saúde do cérebro, eliminando toxinas que podem acelerar doenças neurodegenerativas. - iStock/Liudmila Chernetska

Alternativas para melhorar o sono sem remédios

Diante dessas descobertas, os cientistas recomendam evitar o uso contínuo de Zolpidem, principalmente sem acompanhamento médico. Como alternativa, especialistas sugerem hábitos naturais para melhorar a qualidade do sono, como:

  • Estabelecer horários regulares para dormir e acordar;
  • Reduzir o consumo de cafeína e outros estimulantes à noite;
  • Criar um ambiente propício para o sono, diminuindo luzes e barulhos;
  • Praticar atividades relaxantes antes de dormir, como leitura ou meditação.

Embora o Zolpidem possa ser útil para tratar insônia ocasionalmente, o uso prolongado deve ser reavaliado para evitar prejuízos à saúde cerebral. Manter uma rotina saudável é uma estratégia eficaz para garantir um sono reparador e proteger o cérebro ao longo dos anos.

Sinal de Alzheimer pode surgir antes dos 40 anos

Estudo da University College London revela que sinais iniciais do Alzheimer, como dificuldades com orientação espacial, podem aparecer até 25 anos antes dos sintomas mais graves. Detectáveis com testes de navegação em realidade virtual, esses sinais precoces oferecem uma oportunidade crucial para o diagnóstico e tratamento eficaz. A Catraca Livre mostra como essas descobertas podem mudar a forma de lidar com a doença. Saiba mais aqui!