Pesquisadores identificam bactéria associada ao Parkinson

Estudo finlandês encontrou indícios de que Parkinson pode estar associada à bactéria presente no intestino

No Brasil, a estimativa é de que 200 mil pessoas vivam com o Parkinson, de acordo com dados do Ministério da Saúde – iStock/Getty Images
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No Brasil, a estimativa é de que 200 mil pessoas vivam com o Parkinson, de acordo com dados do Ministério da Saúde – iStock/Getty Images

A doença de Parkinson pode estar associada a uma bactéria frequentemente encontrada no trato digestivo dos seres humanos, indica resultado de um estudo realizado por pesquisadores na Finlândia.

Encontrado em ambientes úmidos e pantanosos, o microrganismo desulfovibrio (DSV) é responsável por produzir um acúmulo de proteínas tóxicas que atingem as células vitais do cérebro. A pesquisa foi publicada na Frontiers in Cellular and Infection Microbiology.

A descoberta, de acordo com os pesquisadores, pode contribuir para o desenvolvimento do diagnóstico precoce da doença, ou mesmo retardar seu progresso.

“Nossas descobertas tornam possível rastrear os portadores dessas bactérias nocivas Desulfovibrio. Consequentemente, eles podem ser alvo de medidas para remover essas cepas do intestino, potencialmente aliviando e retardando os sintomas de pacientes com doença de Parkinson”, diz o autor sênior Per Saris, microbiologista da Universidade de Helsinque, na Finlândia.

Como foi feito o estudo?

Para entender a relação da bactéria com o desenvolvimento do Parkinson, os pesquisadores coletaram amostras fecais de 10 pacientes com Parkinson e de seus cônjuges saudáveis. Os testes mostraram que todos os pacientes com Parkinson tinham a bactéria em suas fezes.

Em uma segunda etapa dos testes laboratoriais, as cepas de DSV foram alimentadas com organismos chamados vermes nematóides – que são conhecidos por fazer cópias da proteína alfa-sinucleína. Evidências indicam que um acúmulo dessa proteína pode desencadear a condição. Para controle, os pesquisadores também alimentaram alguns vermes com a bactéria E-coli.

O que se concluiu?

Vermes alimentados com cepas de DSV de pacientes com Parkinson apresentaram níveis “significativamente” mais altos da proteína, sobretudo quando comparados àqueles alimentados com as mesmas bactérias de indivíduos saudáveis ​​ou E-coli.

Com os avanços obtidos pela pesquisa, os especialistas acreditam que, em um futuro próximo, seja possível controlar o progresso da doença por meio de terapias que visam o sistema digestivo e seus nervos circundantes, em vez do cérebro.

Doença de Parkinson

Agitação involuntária de partes específicas do corpo, movimentos lentos e músculos rígidos e inflexíveis são alguns dos principais sintomas da doença de Parkinson. Além disso, também pode haver outros quadros como instabilidade postural e problemas de equilíbrio.

De acordo com a literatura médica, esses sintomas podem começar de forma sutil e piorar progressivamente ao longo do tempo, afetando a qualidade de vida do paciente.