Estes 5 traços de personalidade sugerem risco de demência

Estudo aponta relação complexa entre personalidade, bem-estar e doença cognitiva

Por André Nicolau em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
10/11/2024 08:30

Traços comportamentais poderiam ser utilizados para identificar precocemente indivíduos com maior chance de diagnóstico da doença – SIphotography/Depositphotos
Traços comportamentais poderiam ser utilizados para identificar precocemente indivíduos com maior chance de diagnóstico da doença – SIphotography/Depositphotos - SIphotography/Depositphotos

Um estudo recente da revista Alzheimer’s and Dementia, da Alzheimer’s Association, revelou uma intrigante conexão entre certos traços de personalidade e a chance de desenvolver demência.

Analisando dados de oito estudos menores, que juntos abrangeram 44.531 indivíduos entre 49 e 81 anos, os pesquisadores observaram que 1.703 pessoas do grupo desenvolveram demência. Durante o estudo, os participantes passaram por avaliações comportamentais e, após a morte, tiveram seus cérebros examinados.

Os pesquisadores focaram-se nos “cinco grandes” traços de personalidade:

Abertura a experiências – Pessoas que buscam novidades e criatividade, como exploradores de mente aberta.

Conscienciosidade – Indivíduos organizados, disciplinados e com bom planejamento.

Extroversão – Comportamentos que se energizam em interações sociais.

Amabilidade – Pessoas cooperativas e prestativas, que priorizam a harmonia social, como verdadeiros jogadores de equipe.

Neuroticismo – Indivíduos mais sensíveis ao estresse e emoções negativas, como aqueles que se preocupam facilmente.

Os pesquisadores também avaliaram o impacto de traços emocionais como afeto positivo (alegria, entusiasmo, confiança) e afeto negativo (nervosismo, raiva, medo).

O que mostram os resultados? 

Os resultados apontaram uma relação complexa entre personalidade, bem-estar e propensão à doença. Traços como neuroticismo e afeto negativo foram associados a um risco maior de demência, enquanto a conscienciosidade, a extroversão e o afeto positivo mostraram um efeito protetor.

Curiosamente, traços individuais e bem-estar não se correlacionaram diretamente com indicadores neuropatológicos – os sinais físicos de demência no cérebro.

Por exemplo, níveis mais altos de neuroticismo não implicaram necessariamente um maior acúmulo de neuropatologias na análise post-mortem. Esse dado sugere que, embora a personalidade possa influenciar o diagnóstico, ela não reflete o dano cerebral típico da demência.

Ainda de acordo com os pesquisadores, essas características poderiam ser utilizadas para identificar precocemente indivíduos com maior possibilidade de demência e planejar intervenções personalizadas.

Impacto de abertura a experiências e afeto positivo

A abertura a experiências teve um efeito protetor contra o diagnóstico em 42% dos estudos analisados, enquanto o afeto positivo e a satisfação com a vida mostraram efeito protetor em metade dos estudos.

Os pesquisadores sugerem que certos traços podem tornar as pessoas mais resistentes aos danos cerebrais causados pela demência, como os associados à doença de Alzheimer. Indivíduos com essas características poderiam se adaptar melhor às mudanças cognitivas, ainda que de forma inconsciente.

Diferentemente de algumas pesquisas anteriores, o estudo não encontrou associação significativa entre gênero ou nível de educação e a relação entre personalidade e hipótese de demência.
 
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