Livro mostra realidade visceral das escolas da periferia por meio de contos e poesias

Por: Jéssica Balbino

Ciríaco lança livro ‘Te pego lá fora’ (foto: Divulgação)[/img]

No retrato de um beligerante ambiente escolar, composto por trechos das histórias pessoais de seus personagens e do cotidiano de alunos e professores, o autor explora a versatilidade formal que vai do microconto – alguns com apenas uma ou duas frases – à dramaturgia, passando por narrações em primeira pessoa e outras, até mesmo cômicas, estruturadas em diálogos. A obra é engenhosamente dividida em estações do ano – verão, outono, inverno e primavera –, o que gera uma leitura vertiginosa, potencializada pelo ritmo acelerado das narrativas, que expõem problemas centrais do Brasil contemporâneo, como preconceitos, fome, analfabetismo funcional, exploração de menores e exclusão.

Fica claro também, em Te Pego Lá Fora, o desafio de educar e, principalmente nos últimos contos, o papel da literatura nesse contexto. Como diz Ferréz em sua apresentação do livro, o “especialista em conflito e em sobrevivência” Rodrigo Ciríaco “faz da palavra outra arma de luta para a melhoria, não individual somente, mas também do coletivo”.

O livro é o segundo título do selo editorial “Literatura Marginal DSOP”, todo dedicado a escritores e obras que tratam de temáticas da periferia, e coordenado pelo romancista, contista e poeta Ferréz – um dos pioneiros desse movimento, que constitui um fenômeno e forte instrumento de manifestação cultural. O primeiro foi Palestra Lágrimas Futebol Clube, de Marcos Teles, apresentado em agosto na Bienal Internacional do Livro de São Paulo.

“Te Pego Lá Fora tem uma potência dramática e literária que faz tremer os conceitos e esperanças do leitor. Para além do literário, é um livro de alta importância sociológica e antropológica”, ressalta Simone Paulino, diretora editorial.

O autor

Nascido e criado na zona Leste de São Paulo, Rodrigo Ciríaco é educador, escritor, editor, ativista cultural, traficante literário, e ainda, do tipo faz tudo, daqueles “pau-pra-toda-obra”. Gosta de viajar por meio da literatura, já plantou árvores, teve uma filha, Malu, e publicou 100 Mágoas (2011) e Vendo Pó…esia (2014). Participa há quase dez anos de alguns dos movimentos mais ativos e importantes da cultura contemporânea brasileira: a literatura marginal e os saraus da periferia. Desde 2006, coordena atividades de incentivo à leitura, produção escrita e difusão literária, principalmente dentro de escolas, com o projeto “Literatura (é) Possível”, do qual nasceu o “Sarau dos Mesquiteiros” (sarau da molecada), as edições “Um Por Todos” e o concurso literário “Pode Pá Que É Nóis Que Tá”, voltado para jovens e adolescentes da rede pública em São Paulo.