Desfile coloca mulheres com mais de 40 anos na passarela do SPFW

Ser velha demais pra alguma coisa ainda é um dos questionamentos feitos pela sociedade para mulheres com mais de 30 anos. Em meio a tantas críticas, elas deixam os cabelos brancos aparentes, surfam, são blogueiras, andam de skate, usam biquíni, tem cabelão, tocam bateria, trocam de profissão após um tempão de formadas, voltam para a passarela e fazem outras atividades que quebram os padrões. 

Essas foram algumas das respostas escritas por mulheres em um mural externo antes, durante e depois do desfile da estilista Gloria Coelho, em parceria com a Natura Chronos na edição 44 do SPFW.

Na passarela desfilaram mulheres que quebram estereótipos de idade. A cantora Marina Lima, 61, a modelo e apresentadora Isabella Fiorentino, 40, a DJ, apresentadora e atriz Pathy  DeJesus, 40, e a publicitária e editora Julia Petit, 45, entre outras convidadas.

A cantora Marina Lima completa 62 anos no dia 17 de setembro

Gloria Coelho teve como inspiração, para a coleção Verão 2018, a história que cerca a série “The Crown” e envolve a família real britânica, além do cotidiano da Rainha Elizabeth II. No desfile, a temática resultou em peças que caminham entre o romantismo e a sofisticação.

Quem passou pelo evento pôde conferir que nenhuma mulher é #velhapra nada. Muitas idades se encontraram e diferentes histórias provam que se tem uma coisa fora de moda, é o preconceito.

“Eu acho que você tem que se expressar do jeito que você é. Se você se sente bem com uma roupa, com o cabelo comprido, tudo bem. Eu não me sentiria bem assim, não é a minha identidade. Eu sempre fui ousada! Quando surgiu o cabelo colorido eu usava o cabelo azul, e todo mundo criticava. É a alma da pessoa, aquilo que ela pode aceitar de diferente tem a ver com o repertório e a sensibilidade. Você tem que ter coragem!”, conta a arquiteta Nasha Gil, que tem 55 anos e mantém um estilo nada convencional para a sociedade. “ As pessoas apontam pra mim nos lugares”, destaca.

“Eu tinha o cabelo enorme, até o meio das costas e decidi cortar joãozinho.”

A Natura, há mais de 20 anos, aboliu o uso do termo “anti-idade” em embalagens e campanhas com a proposta de mostrar que idade é apenas alguns números no RG. “Somos uma marca de ruptura de padrões. Isso demonstra que a Natura acredita que a beleza está presente em todas as idades e não há problema algum em a mulher assumir quantos anos tem”, lembra Maria Paula Fonseca, diretora de Cosmética da Natura.

“Eu não fico me prendendo. Isso aqui é para 50, 60 anos. Existem roupas mais padronizadas, por exemplo, mas eu não me sinto bem. Não sou eu.  Dentro disso eu procuro me adaptar, não passar por algo ridículo”, disse a jornalista Edith Matos, que não quis revelar sua idade, e tudo bem. As mulheres também têm esse direito de escolha, claro.

“Eu considero a Gloria um expoente da moda, não poderia deixar de conferir esse momento.”

As amigas Marisa Ribeiro, 66, e Malu Fernandes, 69, mantém os cabelos brancos há anos e são exemplos por onde passam. E é impossível mesmo não notar o quanto a beleza natural destaca a personalidade delas. Após passarem pela faixa dos 60, elas apontam que em alguns momentos precisamos ignorar a sociedade, e se for possível,  até ajudar na construção de um novo olhar em meio às diferenças.

“Eu acho que esses padrões têm a ver com a falta de consciência. Podemos ajudar a humanidade a entender que cada um pode ser quem quiser e respeitar o próximo”, disse Marisa. “É um pouco de autoconhecimento e segurança, você seguir a vida como é. Ela não pinta o cabelo, e eu também não. E nós estamos ótimas”, conta Malu.

Marisa e Malu decidiram enfrentar os fios brancos e as críticas da sociedade

A Natura Chronos acredita que a beleza não deve ser definida pela idade. Tem coisa melhor do que fazer o que quiser, quebrar barreiras e ultrapassar qualquer imposição da sociedade? Essas mulheres provam que ninguém é #velhapra alguma coisa, ou atitude, muito menos para cuidar de si e encontrar sua própria beleza.