Bancos agora podem tomar seu carro sem aviso

Nova regulamentação do CNJ e do Contran exige atenção de quem financiou carro no Brasil, já que bancos não precisam de aviso para retomar posse do veículo

14/08/2025 17:46

Uma nova norma aprovada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mudou drasticamente as regras do jogo para quem financiou um carro no Brasil ou ainda pretende fazê-lo.

Agora, bancos e instituições financeiras estão autorizados a retomar a posse de veículos com parcelas atrasadas sem precisar de uma decisão judicial.

A nova regulamentação também permite que essa apreensão aconteça sem aviso prévio ao devedor, o que exige atenção redobrada por parte dos consumidores.

Bancos agora podem tomar seu carro sem aviso

A mudança foi oficializada por meio do Provimento nº 196/2025, do CNJ, e da Resolução nº 1.018/2025, do Contran. Juntas, as normas criam um procedimento padronizado e eletrônico para que bancos recuperem veículos em casos de inadimplência.

Com isso, elimina-se a necessidade de recorrer ao Judiciário para reaver o bem, tornando o processo mais rápido e menos custoso para as instituições financeiras.

Essa agilidade, no entanto, tem causado preocupação entre especialistas em direito do consumidor.

Pelo novo modelo, assim que o comprador deixa de pagar uma ou mais parcelas do financiamento — mesmo que seja apenas uma — o banco pode dar início à retomada do carro.

O contrato precisa prever expressamente essa possibilidade, mas, na prática, a cláusula já começa a se tornar padrão em praticamente todos os novos financiamentos.

A instituição deve notificar o consumidor formalmente, mas, após o vencimento do prazo para regularização, não há exigência de nova autorização ou despacho judicial para apreender o veículo.

Carro pode ser recolhido após registrar restrição no sistema do Detran

O processo inclui a consolidação da posse do bem em nome do banco e a inserção de uma restrição no sistema do Detran (Renavam), o que impede a transferência do veículo.

A partir daí, o carro pode ser recolhido diretamente por agentes autorizados, com apoio das autoridades de trânsito.

Para o consumidor, o risco é claro: o tempo para negociar dívidas e evitar a perda do veículo ficou muito mais curto. Quem financia um carro precisa estar atento ao contrato, conhecer seus direitos e, principalmente, manter os pagamentos em dia.

A promessa de juros mais baixos no longo prazo não compensa a possibilidade de perder o bem de forma rápida e sem aviso, em caso de descuido com as parcelas.