ChatGPT pode estar prejudicando seu cérebro mais do que você imagina
Estudo do MIT revela que recorrer demais à inteligência artificial para escrever pode comprometer a memória, o raciocínio e o pensamento crítico
Um novo estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) lança luz sobre um efeito preocupante da era digital: o uso indiscriminado de ferramentas como o ChatGPT pode afetar negativamente a capacidade cognitiva humana. O fenômeno, chamado de “dívida cognitiva”, acontece quando deixamos de exercitar o cérebro por confiar demais em assistentes virtuais para tarefas intelectuais.
A pesquisa, intitulada Your Brain on ChatGPT, acompanhou estudantes universitários durante quatro meses. Eles foram divididos em três grupos: um usou o ChatGPT, outro recorreu ao Google e o terceiro realizou todas as tarefas sem qualquer ajuda tecnológica. Com o apoio de eletroencefalogramas (EEG), os cientistas monitoraram a atividade cerebral de cada participante enquanto redigiam textos dissertativos.
Especialistas alertam: uso excessivo de IA como o ChatGPT pode afetar o cérebro
Os resultados foram contundentes. O grupo que utilizou IA apresentou menor engajamento cerebral e falhas significativas na memorização do conteúdo produzido, 83% deles sequer lembravam uma frase de sua própria redação momentos após finalizá-la.
O estudo usa a analogia do GPS: quanto mais se depende dele, menos se desenvolve o senso de direção. O mesmo se aplica à escrita: se o cérebro não é estimulado a organizar ideias, argumentar e redigir, ele “desliga” suas funções mais críticas.
Na fase final do experimento, os grupos trocaram de ferramentas. Quem passou a usar IA pela primeira vez teve aumento na atividade cerebral, enquanto os que deixaram de usá-la revelaram dificuldades para retomar o raciocínio autônomo. Ou seja, a IA pode ser uma aliada, mas desde que usada com consciência.
Especialistas destacam que a inteligência artificial não deve substituir o esforço intelectual, mas ampliá-lo. Como uma calculadora, é útil, mas não elimina a necessidade de saber calcular.
Para educadores, o estudo reforça a importância de equilibrar o uso da IA nas escolas, promovendo práticas que desenvolvam a criatividade, a argumentação e a escrita manual. A dívida cognitiva não aparece de imediato, mas seus efeitos podem ser duradouros, especialmente em jovens em formação.