Cientistas descobrem bactéria que respira eletricidade
Cientistas descobrem que bactérias como a E. coli podem gerar energia por “respiração elétrica”, desafiando tudo o que se sabia sobre vida sem oxigênio
Respirar sem oxigênio? Pode parecer impossível, mas a ciência acaba de revelar um processo surpreendente que permite a certos microrganismos sobreviverem e gerarem energia sem depender desse gás vital.
Durante décadas, acreditou-se que o oxigênio era essencial para a respiração de qualquer ser vivo, pois ele atua como o último receptor de elétrons nas reações químicas que produzem energia no corpo. No entanto, essa certeza foi abalada por estudos recentes conduzidos por uma equipe da Universidade Rice, nos EUA.
Bactérias que respiram eletricidade: uma nova forma de vida sem oxigênio
A pesquisa, publicada na revista Cell e liderada pela biocientista Caroline Ajo-Franklin, revelou que algumas bactérias, inclusive a Escherichia coli, muito comum no intestino humano e amplamente usada em biotecnologia, são capazes de “respirar eletricidade”.
Como funciona essa respiração elétrica?
O processo ocorre com o uso de uma substância chamada naftoquinona (HNQ), derivada do naftaleno. Ela funciona como um mensageiro elétrico, transportando os elétrons excedentes gerados na digestão dos alimentos para fora da célula. Esse fenômeno é conhecido como transferência extracelular de elétrons (EET).
Ao lançar esses elétrons para o exterior, a célula cria um pequeno circuito elétrico que permite gerar energia sem oxigênio envolvido. A naftoquinona substitui o papel do oxigênio como receptor final de elétrons, tornando esse processo uma verdadeira “respiração alternativa”.
Implicações científicas e tecnológicas
Segundo a National Geographic, essa descoberta muda radicalmente a forma como se compreende o metabolismo bacteriano. Além de ampliar o entendimento da vida em ambientes extremos, como fontes hidrotermais e cavernas escuras, também abre novas possibilidades em:
- Tratamento de esgoto e resíduos;
- Diagnósticos médicos e sensores biológicos;
- Controle de poluição ambiental;
- Biofabricação e biotecnologia sustentável;
- Exploração espacial e colonização de ambientes sem oxigênio;
Os pesquisadores acreditam que esse mecanismo pode ser utilizado para criar sistemas vivos que aproveitam energia renovável para produzir substâncias úteis, como uma forma de fotossíntese elétrica bacteriana.
Com essa respiração elétrica, essas bactérias mostram potencial para missões espaciais, funcionando em ambientes carentes de oxigênio, como Marte ou luas de Júpiter. Segundo os cientistas, é como se as bactérias fossem “plantas que usam corrente elétrica em vez de luz solar”.
Essa descoberta não só revoluciona o que sabemos sobre a vida, como também abre caminho para tecnologias inteligentes e sustentáveis, conectando biologia, energia limpa e o futuro da humanidade dentro e fora da Terra.