Clima favorece avanço de doença preocupante no Brasil

Mudanças climáticas podem transformar a Doença de Chagas em uma ameaça ainda maior no país

14/08/2025 17:44

Estudos indicam que as mudanças climáticas podem intensificar a disseminação da Doença de Chagas no Brasil. Até 2080, a elevação das temperaturas e alterações ambientais podem ampliar a área de risco da doença, atingindo regiões como a Amazônia, antes consideradas seguras.

Este fenômeno está ligado à facilidade com que o vetor principal, o barbeiro, se adapta às condições climáticas em mutação. Pesquisadores da Universidade Federal do Mato Grosso, da Universidade Federal do Pará e do Instituto Evandro Chagas conduziram um estudo utilizando modelagem de nicho ecológico para prever o deslocamento dos barbeiros.

Os resultados sugerem que, sob cenários climáticos mais intensos, a distribuição desses insetos vetores pode se expandir significativamente, ampliando o risco em locais com infraestrutura de saúde limitada.

Ameaça em regiões vulneráveis

No Brasil, a Doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, historicamente atinge áreas rurais da América Latina. Entretanto, projeções revelam o risco crescente em regiões como o oeste do Pará e o norte do Amazonas.

Barbeiro, transmissor da Doença de Chagas – Foto: Veja Saúde
Barbeiro, transmissor da Doença de Chagas – Foto: Veja Saúde

O desmatamento e as secas frequentes alteram habitats naturais, empurrando esses vetores para novas áreas, inclusive urbanas. Para enfrentar este desafio, é essencial que políticas públicas combinem saúde e meio ambiente.

Medidas de prevenção como o uso de inseticidas e melhorias habitacionais são fundamentais. No entanto, a continuidade das mudanças climáticas pode comprometer conquistas já alcançadas no combate à doença, tornando necessária uma abordagem coordenada.

Consequências de saúde pública

A Chagas é frequentemente silenciosa em sua fase inicial, mas pode evoluir para graves problemas cardíacos e digestivos. No Brasil, continua sendo uma das principais causas de morte entre doenças tropicais negligenciadas.

Os sintomas iniciais incluem: febre prolongada, fadiga, dor de cabeça, inchaço no rosto e pernas, e, em certos casos, lesão avermelhada e endurecida no local da picada do barbeiro.

A aceleração das mudanças climáticas pode aumentar drasticamente o número de pessoas vulneráveis, demandando um fortalecimento da vigilância entomológica.