Crise atinge supermercado popular com fechamento drástico
Crise econômica, novos hábitos de consumo e digitalização acelerada estão levando grandes redes a rever seus modelos de negócio
O setor varejista, especialmente o de supermercados, está passando por uma reconfiguração global. Empresas tradicionais, antes sinônimo de estabilidade, vêm anunciando fechamentos de lojas, cortes de pessoal e revisão de estratégias para enfrentar os efeitos combinados de crise econômica, mudanças no perfil do consumidor e avanços tecnológicos.
Essa transformação, que ganhou força em 2025, reflete a necessidade de adaptação a uma nova realidade de consumo, menos dependente de lojas físicas e mais orientada por praticidade e tecnologia.
Crise global e queda no consumo
A alta dos custos operacionais, impulsionada por inflação, logística mais cara e energia em constante aumento, pressionou as margens de lucro. Além disso, a perda de poder de compra da população em muitos países forçou consumidores a reverem seus hábitos, privilegiando redes menores, preços mais baixos e conveniência, inclusive no ambiente digital.
Exemplo europeu: Alcampo fecha unidades na Espanha
Na Espanha, a tradicional rede Alcampo, controlada pelo grupo francês Auchan, comunicou o encerramento de 25 lojas e a readequação de 15 hipermercados. A estratégia da empresa é abandonar os grandes formatos em favor de unidades mais compactas e alinhadas às novas rotinas de consumo locais.
Segundo a companhia, o objetivo é cortar custos, ganhar agilidade e melhorar o desempenho operacional.
Nos EUA, a Daily Table encerra todas as atividades
Do outro lado do Atlântico, a rede norte-americana Daily Table, conhecida por oferecer alimentos saudáveis a preços populares, anunciou o fim definitivo das operações. A empresa não conseguiu o financiamento necessário para se manter competitiva diante do ambiente econômico adverso e da alta concorrência com grandes redes e serviços de entrega online.
Por que o setor está encolhendo?
Especialistas apontam três principais razões para esse movimento:
- Modelos ultrapassados: grandes lojas deixaram de ser atraentes. Elas têm custos elevados e pouca flexibilidade;
- Explosão do e-commerce: o consumidor migrou para o digital. As redes precisaram correr atrás de soluções tecnológicas;
- Busca por eficiência: as empresas estão concentrando esforços em lojas menores, automatizadas e bem localizadas, com maior retorno por metro quadrado.
Como as redes estão reagindo?
Diante do novo cenário, varejistas adotam diferentes frentes de ação:
- Redução de lojas pouco lucrativas e aposta em formatos menores e mais ágeis;
- Investimento em canais digitais, como apps, delivery e programas de fidelidade;
- Reforma de lojas físicas, com autoatendimento e retirada rápida de pedidos online;
- Negociações trabalhistas para mitigar o impacto social, como no caso da Alcampo;
- Parcerias estratégicas, com fornecedores e startups, para acelerar a inovação.
O fechamento de lojas por grandes nomes do varejo é um reflexo de uma transformação inevitável, não necessariamente um sinal de fraqueza. Redes que conseguirem se adaptar com inteligência, equilibrando presença física, digitalização e personalização da experiência, devem sair mais fortes desse processo.
Enquanto isso, o consumidor continuará no centro dessa mudança, exigindo cada vez mais eficiência, conveniência e preço justo, seja em uma loja física ou na tela do celular.