O inimigo silencioso do sono: Como seu intestino pode estar te mantendo acordado
Sua insônia pode estar secreta e silenciosamente ligada ao seu microbioma intestinal
Um estudo recente publicado na revista General Psychiatry trouxe à tona novos insights sobre a insônia e seu possível vínculo com o microbioma intestinal.
A pesquisa conduzida a partir de dados genéticos de aproximadamente 387 mil pacientes com insônia, além de 27 mil amostras microbiológicas, sugere que bactérias específicas no intestino podem influenciar a qualidade do sono, tanto positiva quanto negativamente.
Resultados
Os pesquisadores descobriram que certas bactérias, como Lachnospiraceae UCG004 e Odoribacter, estão associadas a um sono mais prolongado. Por outro lado, a presença de Selenomonadales e Negativicutes foi correlacionada a um maior risco de insônia.
Este intercâmbio entre bactérias intestinais e qualidade do sono exemplifica uma relação bidirecional complexa, onde tanto o microbioma influencia o sono quanto a insônia altera a composição bacteriana.
A conexão microbiana e neuroquímica
Um dos mecanismos propostos para essa conexão está na produção de neurotransmissores no intestino. A insônia pode afetar os níveis de serotonina no corpo, um neurotransmissor essencial para a regulação do sono.
Estudos mostram que a variação na composição do microbioma pode alterar a produção de substâncias químicas que influenciam o sistema imunológico e o nível de inflamação, impactando ainda mais o sono.
Genética e fatores de estilo de vida
O estudo ressalta a importância de considerar a genética e o estilo de vida na análise do microbioma e da insônia. A maioria dos dados genéticos utilizados provém de indivíduos de ascendência europeia, o que limita a generalização dos resultados para populações diversas.
Fatores como a dieta e o cotidiano não foram totalmente explorados, abrindo caminhos para futuras investigações sobre como modificações alimentares poderiam influenciar positivamente o sono.
Abordagens terapêuticas futuras
Pesquisadores veem potencial em estratégias terapêuticas que envolvam a modulação do microbioma para tratar a insônia. Este campo inclui o uso de probióticos, prebióticos e até mesmo transplantes de microbiota, conforme estudos em modelos animais sugerem.
A introdução de microbiota saudável tem sido correlacionada a melhorias no sono em camundongos, apontando que intervenções similares podem ter efeitos benéficos em humanos.
À medida que a investigação evolui, espera-se que o entendimento da relação entre o intestino e o sono se amplie, potencialmente levando a tratamentos inovadores.