O que significa quando você dorme sem sonhar com nada?
Pesquisadores da Universidade de Columbia Britânica, no Canadá, explicam o que está por trás de um cérebro que "não sonha" durante o sono
Muita gente acredita que, ao dormir sem sonhar, o cérebro simplesmente “desligou” por algumas horas. Afinal, se não nos lembramos de nada, é porque não aconteceu nada — certo? Errado. A ciência vem mostrando que a ausência de sonhos pode ser muito mais complexa do que parece.
Pesquisadores da Universidade de Columbia Britânica, no Canadá, propõem uma nova forma de entender esses momentos em que acordamos com a sensação de que “não sonhamos nada”. Para eles, não há provas suficientes de que ficamos totalmente inconscientes durante essas fases do sono.
Mesmo sem sonhar, cérebro se mantém ativo durante o sono
O estudo explica que o chamado “estado sem sonhos” não deve ser automaticamente associado à inconsciência. Ou seja, mesmo durante o sono profundo — aquele que geralmente não envolve sonhos vívidos — nosso cérebro pode passar por breves experiências conscientes. Isso desafia a visão clássica de que dormir sem sonhar é o mesmo que estar “desligado”.
A proposta dos pesquisadores é abandonar a ideia de que o sono é dividido entre apenas dois estados: sonho e inconsciência. Em vez disso, sugerem que há um espectro de vivências mentais durante a noite — nem sempre lembradas ao despertar, mas possivelmente ativas em algum grau.
A ausência de sonhos, portanto, pode refletir um intervalo entre dois episódios oníricos, ou um momento em que há consciência, mas sem imagens ou narrativas marcantes. Também é diferente de quando sonhamos, mas simplesmente esquecemos tudo ao acordar.
Estudos da Universidade da Califórnia, em Santa Cruz, reforçam que o sonho é mais frequente do que imaginamos: adultos costumam passar por quatro a seis episódios oníricos por noite, especialmente durante o estágio REM. Em crianças menores de 10 anos, esse número pode ser até 20% menor.
Em outras palavras, não lembrar de um sonho não significa que nada aconteceu — seu cérebro pode ter vivido mais do que você imagina.