O “unicórnio” da Ásia que poucos tiveram a sorte de ver
Raramente avistado desde sua descoberta em 1992, o misterioso animal vive em montanhas densas do Vietnã
Discreto, enigmático e incrivelmente raro, o saola (Pseudoryx nghetinhensis) é um mamífero apelidado de “unicórnio asiático” por causa de seus longos chifres paralelos e pelo mistério que o cerca.
A espécie foi descoberta apenas em 1992, nas montanhas Annamitas, entre o Vietnã e o Laos, e desde então quase não foi avistada. A última imagem comprovada data de 2013, registrada por uma armadilha fotográfica.
Considerado o “unicórnio asiático”, animal está em extinção
Além do alerta sobre sua raridade, o saola também intriga cientistas por sua origem relativamente recente no conhecimento humano.
A espécie foi descrita apenas em 1992, após uma campanha entre o Ministério da Floresta do Vietnã e a organização WWF (World Wide Fund for Nature), que recolheu crânios e peles que não correspondiam a nenhuma espécie conhecida até então.
Classificado como um bovídeo, embora lembre um antílope, o saola tem características muito específicas: dois longos chifres paralelos, que podem ultrapassar 60 centímetros e estão presentes em machos e fêmeas. Mede cerca de 80 centímetros de altura nos ombros e pode pesar até 100 quilos.
Agora, um novo estudo publicado em maio na revista Cell reacende as esperanças de evitar sua extinção. Pesquisadores analisaram restos de saolas recolhidos em casas de caçadores e conseguiram sequenciar 26 genomas completos.
A análise revelou algo surpreendente: existem duas populações geneticamente distintas, mas complementares. Para os cientistas, isso pode abrir caminho para cruzamentos em cativeiro que fortaleçam a diversidade genética e, assim, ajudem na recuperação da espécie.
A distribuição geográfica também é extremamente restrita: o saola vive apenas em florestas montanhosas de alta altitude nas Montanhas Annamitas, uma cadeia que cruza o Vietnã e Laos. A estimativa é que existam menos de 100 saolas vivos na natureza.
Esse isolamento natural, combinado com a ação humana e a caça, ajuda a explicar a dificuldade em encontrá-lo — e também a urgência em salvá-lo.