OMS indica novo tratamento injetável para prevenção do HIV

Fármaco pode transformar a prevenção do HIV com apenas duas aplicações por ano

14/08/2025 17:44

O cenário de prevenção ao HIV avançou após a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendar, na última segunda-feira (14), o uso do medicamento injetável lenacapavir.

Comercialmente chamado de Sunlenca, este fármaco oferece uma inovadora forma de profilaxia pré-exposição (PrEP), sendo aplicado apenas duas vezes ao ano. O medicamento destaca-se por sua longa duração, prometendo mais eficácia e adesão em comparação com as tradicionais pílulas orais.

O lenacapavir é um antirretroviral que atua em vários estágios do ciclo de replicação viral, prevenindo a multiplicação do HIV nas células. Estudos publicados na revista New England Journal of Medicine em 2024 demonstraram uma eficácia de 100% na prevenção do HIV entre mulheres participantes de testes na África, mostrando resultados promissores.

Eficácia e mecanismo revolucionário

O mecanismo inovador do lenacapavir, que é armazenado no tecido adiposo, permite sua liberação gradual no organismo, garantindo proteção por até seis meses após cada injeção. Este método reduz a frequência de doses anuais, oferecendo uma solução eficaz para indivíduos sob elevado risco de infecção.

Apesar dos avanços, especialistas alertam sobre o custo elevado do medicamento. Nos Estados Unidos, o preço gira em torno de US$ 28.218 anuais por pessoa, de acordo com a Gilead Sciences.

A empresa enfrenta pressão para oferecer acesso global, principalmente em países com recursos limitados, através de possíveis quebras de patentes e produção de versões genéricas que possam diminuir significativamente o custo.

Influência global e necessidade de acesso

A introdução do lenacapavir é ainda mais relevante no contexto mundial do HIV. Em 2023, foram registradas aproximadamente 1,3 milhão de novas infecções. A implementação de novas ferramentas preventivas é vital.

A OMS e outras entidades veem o lenacapavir como crucial na estratégia para eliminar o HIV como uma ameaça à saúde pública até 2030, conforme a Agenda 2030 da ONU.

No Brasil, a utilização do lenacapavir depende da aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O país já tem um histórico positivo na implementação de terapias, como a PrEP oral, disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Caminhos para a implementação

Atualmente, a OMS revisa diretrizes e incentiva a produção em maior escala do lenacapavir para facilitar o acesso global. A expectativa é que a redução do custo do medicamento, associada ao suporte de organizações internacionais, promova sua aceitação mundial.

Com a potencial aprovação do lenacapavir em outros países e sua crescente inclusão em estratégias globais, espera-se que este medicamento redefina o panorama de prevenção do HIV, oferecendo esperanças para a redução das infecções pelo vírus.