Preço do chocolate disparou no Brasil
Alta no preço do cacau transforma chocolate em luxo para muitos brasileiros; renda influencia frequência e formato de consumo
Símbolo de afeto e prazer na rotina dos brasileiros, o chocolate está cada vez mais caro e, com isso, menos acessível. Nos últimos meses, a alta no preço do cacau, que atingiu níveis recordes no mercado internacional, encareceu o doce ao ponto de transformá-lo, para muitos, em um produto quase de luxo.
A consequência direta está no comportamento do consumidor. Uma pesquisa recente da consultoria Nexus revela que a renda passou a influenciar diretamente tanto a frequência de consumo quanto o tipo de chocolate escolhido.
Chocolate se torna item de luxo para brasileiros com renda mais baixa
Segundo o levantamento, 10% dos jovens mais ricos consomem chocolate diariamente, enquanto esse número cai pela metade (5%) entre os jovens mais pobres. Já o consumo de 4 a 6 vezes por semana mantém-se igual nos dois grupos, com 6% de adesão.
“O preço influencia o gosto, o acesso e até a frequência. É um produto que pesa no orçamento das famílias de menor renda, especialmente entre idosos, que já têm o hábito de consumir menos doces”, explica Marcelo Tokarski, CEO da Nexus.
Formas de consumo também mudam com a renda
O formato mais popular do chocolate no Brasil continua sendo a barra, mas os bombons aparecem como a escolha de 39% dos consumidores e essa preferência é ainda maior entre os brasileiros de menor renda.
Entre mulheres idosas de baixa renda, por exemplo, 51% preferem bombons, em comparação a 48% que ainda optam pelas tradicionais barras. A praticidade, o custo menor por unidade e o formato de presente são alguns dos motivos apontados por especialistas.
Já o chocolate artesanal geralmente mais caro e elaborado, tem conquistado espaço, mas de forma desigual. Entre os idosos com renda acima de cinco salários mínimos, 74% consomem esse tipo de produto ao menos ocasionalmente. No entanto, 34% dos idosos de baixa renda afirmam nunca consumir chocolates artesanais.
Jovens impulsionam chocolate artesanal, mesmo com alta nos preços
Curiosamente, o cenário entre os jovens é diferente: a pesquisa mostra que o chocolate artesanal tem aceitação mais homogênea entre essa faixa etária, independentemente da renda. A explicação pode estar na busca por qualidade, exclusividade e novas experiências de consumo, mesmo diante da inflação dos alimentos.
O estudo da Nexus reforça a percepção de que o chocolate, antes amplamente popular e democrático, passa a ser um símbolo da desigualdade de consumo no Brasil. Com preços em alta e renda estagnada para grande parte da população, produtos não essenciais, como o chocolate, deixam de ser parte do cotidiano e passam a figurar entre os pequenos luxos da vida moderna.