Quase todos os raios do planeta caem nesse mesmo lugar

O Lago de Maracaibo recebe até 3.600 relâmpagos por hora, em cerca de 160 noites por ano, tornando-se um fenômeno natural único

14/08/2025 17:51

Um fenômeno natural impressionante tornou o Lago de Maracaibo, na Venezuela, conhecido mundialmente. Nomeado pela Nasa como a “capital mundial dos raios”, o local é cenário de um espetáculo elétrico raro: relâmpagos surgem entre 18 e 60 vezes por minuto, chegando a 3.600 por hora, em até 160 noites por ano.

O fenômeno ocorre com maior intensidade entre abril e novembro, quando o céu da região praticamente não escurece, tamanha a frequência das descargas elétricas. A curiosa concentração de raios atrai turistas, pesquisadores e curiosos de todo o mundo, que se maravilham com o chamado “relâmpago do Catatumbo”, nome dado devido à foz do rio Catatumbo, que deságua no lago.

Venezuela abriga o local com mais raios do mundo, segundo a Nasa

De acordo com um estudo publicado pela Nasa em 2016, feito em parceria com a USP e universidades dos EUA, o local registra média de 297 tempestades elétricas por ano. A análise foi baseada em 16 anos de dados meteorológicos e desbancou a África Central, até então tida como a região com maior incidência de raios no planeta.

O cientista Richard Blakeslee, responsável pelo estudo, explicou à BBC Mundo que as condições geográficas do local, cercado por montanhas em quase todos os lados, exceto ao norte, formam uma espécie de funil natural. Essa formação canaliza ventos quentes e úmidos do Caribe que, ao se encontrarem com o ar frio das montanhas, favorecem a formação de nuvens cumulonimbus, responsáveis pelas tempestades.

O Lago de Maracaibo, com seus 13 mil quilômetros quadrados de extensão, fica no noroeste da Venezuela e se transformou em um laboratório natural para estudos atmosféricos e mudanças climáticas. Os especialistas apontam que o fenômeno pode servir como indicador sensível de variações de temperatura no planeta, o que o torna relevante não só do ponto de vista científico, mas também ambiental.

Segundo Blakeslee, entender a conexão entre as tempestades elétricas e o clima é crucial para o desenvolvimento de políticas públicas ambientais eficazes diante das crescentes mudanças no comportamento climático global.