Robô IA realiza cirurgia humana sem ajuda médica
Robô SRT-H, treinado por IA, realiza com sucesso remoção de vesícula em paciente real e muda para sempre o papel da tecnologia na sala de cirurgia
Pela primeira vez na história, um robô controlado por inteligência artificial realizou sozinho uma cirurgia completa em um ser humano.
O feito, considerado um divisor de águas na medicina moderna, foi alcançado com a remoção de uma vesícula biliar (colecistectomia), procedimento conduzido com sucesso pelo robô SRT-H, da Universidade Johns Hopkins (EUA).
Como funciona o robô cirurgião SRT-H?
O SRT-H (Hierarchical Surgical Robotic Transformer) é um robô baseado em aprendizado de máquina multimodal, treinado com vídeos reais de cirurgias feitas em cadáveres de porcos.
Destaques da tecnologia:
- Aprende vendo e ouvindo cirurgiões humanos.
- Usa comandos de voz e linguagem natural.
- Executa ajustes em tempo real com base em feedback clínico.
- Toma decisões autônomas mesmo em situações adversas (ex: simulação de sangramento com corantes).
Cirurgia realizada com sucesso mesmo sob desafio técnico
Durante a operação, os médicos criaram situações imprevisíveis para testar a IA, como esconder partes da vesícula com corantes que simulam sangue. O SRT-H:
- Reconheceu obstáculos visuais,
- Se reposicionou de forma autônoma,
- E concluiu todas as 17 etapas da cirurgia com precisão.
- Apesar de mais lenta que um cirurgião humano, a qualidade do procedimento foi comparável à de um especialista experiente.
De ferramenta a agente: o que muda na cirurgia robótica?
Até hoje, robôs cirúrgicos como o Da Vinci dependiam inteiramente do controle humano. O SRT-H muda isso ao agir como um agente autônomo com compreensão da anatomia, da técnica e da dinâmica do ato cirúrgico.
Antes: o robô apenas replicava movimentos humanos.
Agora: o robô interpreta, decide e age sozinho, com acompanhamento médico.
E os desafios? Ética, legislação e segurança
Mesmo com o sucesso, o avanço traz novas perguntas:
- Quem será responsabilizado em caso de erro?
- Como garantir que a IA não falhe em situações atípicas?
- Como proteger os dados sensíveis usados no treinamento?
Especialistas alertam: a regulamentação precisa acompanhar a tecnologia, garantindo ética, transparência e segurança aos pacientes.
E o futuro? Próximos passos da cirurgia com IA
A equipe da Johns Hopkins já prepara o SRT-H para procedimentos mais complexos, como:
- Cirurgias cardíacas,
- Oncológicas,
- Ortopédicas,
- E intervenções em pacientes com comorbidades.
O objetivo: treinar o robô como se fosse um residente cirúrgico humano, expandindo sua atuação com supervisão médica constante.
Medicina + IA: uma nova aliança
Segundo os criadores do projeto, a IA não substitui o médico, ela complementa. O futuro ideal é colaborativo, com máquinas auxiliando no diagnóstico, planejamento e execução, enquanto médicos decidem com base em experiência, empatia e julgamento clínico.