Segunda falência leva rede de varejo a fechar todas as lojas

Ícone do artesanato e costura não resiste à crise, transforma liquidação em corrida por descontos e deixa vazio no setor criativo

14/08/2025 17:49

Após mais de oito décadas de história, a tradicional rede americana Joann, referência no universo do artesanato, costura e decoração, anunciou o encerramento definitivo de todas as suas lojas em 2025. O fim das operações acontece após um processo de falência e a venda dos ativos para o grupo GA, colocando um ponto final em uma marca que, por anos, foi sinônimo de “faça você mesmo” nos Estados Unidos.

A rede, que chegou a operar mais de 800 unidades em todo o país, não resistiu ao impacto da crise econômica, à aceleração do varejo digital e à mudança de hábitos dos consumidores. Mesmo com uma base fiel de clientes, a Joann se viu pressionada por uma estrutura ultrapassada e pouco integrada ao e-commerce.

O que levou à falência da Joann?

Diversos fatores se combinaram para o colapso da marca:

  • Pandemia de Covid-19: a queda no fluxo de lojas físicas, mesmo com o aumento das atividades manuais em casa, não foi suficiente para equilibrar as finanças;
  • Digitalização deficiente: a Joann manteve um modelo analógico enquanto concorrentes como Amazon e Etsy dominaram o canal online;
  • Inflação e retração econômica: o alto custo de vida afetou diretamente os consumidores do setor criativo e reduziu a demanda por itens não essenciais;
  • Dívidas acumuladas: a rede chegou a pedir proteção judicial pela segunda vez em janeiro de 2025, sob o Capítulo 11 da lei americana.

Fechamento total e liquidação histórica

Com a venda dos ativos, a decisão de encerrar 100% das lojas foi tomada. Até maio, cerca de 440 unidades já haviam sido fechadas, e o restante encerrou atividades nas semanas seguintes.

A Joann promoveu uma liquidação massiva, com descontos que chegaram a 90%, o que atraiu multidões em busca de:

  • Máquinas de costura com até 70% de desconto
  • Tecidos premium a preços simbólicos
  • Ferramentas de scrapbooking, kits de pintura e patchwork com até 80% de redução
  • A medida buscava liquidar o estoque e ajudar a cobrir parte das dívidas acumuladas no processo judicial.

O impacto no setor criativo

O fechamento da Joann representa mais do que a perda de uma varejista. A marca também era um ponto de encontro da comunidade criativa, com cursos, workshops e apoio a pequenos empreendedores.

Para artesãos, costureiras, decoradores e produtores de itens personalizados, a Joann era uma parceira essencial, tanto pela variedade quanto pela acessibilidade dos insumos. Agora, muitos enfrentam dificuldades para encontrar alternativas físicas, especialmente em cidades menores, e devem migrar para o digital, com mais custos e prazos maiores.

Lições para o varejo de nicho

O caso Joann é um alerta para o setor varejista: tradição e clientela fiel não bastam. Sem adaptação ao digital, integração de canais e foco na experiência do consumidor, até marcas consolidadas estão vulneráveis.

Empresas que operam em nichos precisam:

  • Investir em e-commerce e logística ágil
  • Usar redes sociais para relacionamento e vendas
  • Oferecer atendimento digital eficiente
  • Inovar constantemente, sem perder a essência da marca

O encerramento da Joann deixa uma lacuna, mas também um aprendizado. Para o setor criativo, é o fim de uma era. Para o varejo, um lembrete claro: ou se atualiza, ou fecha as portas.