Toxina de escorpião da Amazônia destrói células de câncer de mama

Veneno da espécie de escorpião não é letal e apresenta grandes potenciais contra células cancerígenas do câncer de mama

14/08/2025 17:46

No coração da Amazônia, um escorpião pouco conhecido pode esconder uma esperança no combate ao câncer de mama. O Brotheas amazonicus, uma das maiores espécies da região, não é famoso por seu veneno letal — na verdade, sua toxina tem baixa periculosidade para mamíferos, inclusive humanos.

Mas o que ele guarda em seu ferrão vai muito além do que se imaginava: uma molécula capaz de matar células tumorais com eficiência semelhante à de quimioterápicos.

Veneno de escorpião é estudado para ser curar câncer de mama

A descoberta foi feita por pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da USP, que identificaram na peçonha do escorpião uma molécula batizada de BamazScplp1.

Em laboratório, ela conseguiu destruir células de câncer de mama com o mesmo desempenho do paclitaxel, um dos medicamentos mais utilizados no tratamento da doença.

“A molécula isolada da peçonha do escorpião, BamazScplp1, e o paclitaxel mostraram ações equivalentes na morte de células tumorais de mama”, explica a professora Eliane Candiani Arantes, coordenadora do projeto.

Até agora, os testes foram feitos apenas in vitro — em células cultivadas em placas de laboratório. Mesmo assim, os resultados já acendem um sinal de otimismo, principalmente porque a toxina também foi eficaz contra tipos agressivos da doença.

Segundo os pesquisadores, um dos grandes trunfos dessa descoberta é sua origem natural e seu potencial para ser uma alternativa ou algo complementar.

Contudo, assim como ocorre com a quimioterapia convencional, a toxina também afetou células saudáveis. Esse é um efeito colateral comum em pesquisas iniciais com compostos anticâncer.

Mas pesquisadores do projeto já visam formas de modificar a toxina para torná-la mais seletiva e menos tóxica às células saudáveis. A equipe considera viável o uso de tecnologias que direcionam a substância diretamente ao tumor, como o acoplamento a anticorpos ou nanopartículas capazes de reconhecer células cancerígenas.