Tumba de faraó esconde fungo que pode revolucionar o tratamento do câncer

Fungos que historicamente foram temidos agora apresentam um potencial notável na medicina

14/08/2025 17:47

Cientistas da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, descobriram que o Aspergillus flavus, conhecido por causar infecções pulmonares, pode ser transformado em uma poderosa terapia contra a leucemia.

Essa descoberta foi publicada em junho na revista Nature Chemical Biology, abrindo novas possibilidades para medicamentos derivados de fungos.

História do parasita letal

O Aspergillus flavus ficou conhecido após estar associado a mortes misteriosas, como a de exploradores da tumba de Tutancâmon em 1922 e mais tarde na Polônia nos anos 1970. Nesses casos, algumas mortes foram atribuídas a infecções fúngicas.

As análises identificaram a presença de esporos do fungo, conhecidos por suas toxinas perigosas, mas a relação exata com as mortes ainda é debatida. No entanto, o mesmo fungo agora é visto como um possível salvador na luta contra o câncer.

Ciência por trás do tratamento

A eficácia potencial do Aspergillus flavus deriva de suas moléculas classificadas como RiPPs, peptídeos produzidos pelos ribossomos e modificados para melhorar suas propriedades anticancerígenas.

Os pesquisadores da Universidade da Pensilvânia conseguiram isolar e aprimorar esses peptídeos, agora conhecidos como asperigimicinas, e demonstraram efetividade contra células de leucemia.

Asperigimicinas e seus efeitos

As asperigimicinas se destacam por bloquearem a formação de microtúbulos, essenciais para a divisão celular. Nos testes de laboratório, duas das quatro variantes dessas moléculas mostraram efeitos anticancerígenos potentes.

Uma dessas variantes, modificada com lipídios, apresentou desempenho comparável a medicamentos padrão como citarabina e daunorrubicina. Os resultados indicam que as asperigimicinas podem atacar especificamente células leucêmicas sem afetar outras, como as de câncer de mama, fígado ou pulmão.

Explorando futuras possibilidades

A comunidade científica agora se concentra em testar essas moléculas em modelos animais, um passo necessário antes dos ensaios clínicos em humanos. Este avanço destaca as possíveis utilizações de fungos na medicina além do já conhecido uso da penicilina.

Os cientistas esperam que a especificidade das asperigimicinas para as células leucêmicas permita tratamentos mais precisos e com menos efeitos colaterais.

Até o momento, a pesquisa sugere que muitos outros medicamentos derivados de fungos ainda estão por ser descobertos. A descoberta de asperigimicinas marca um ponto de virada na pesquisa de medicamentos biológicos.

As investigações continuam a desvendar o potencial oculto de fungos na medicina moderna, buscando oferecer novas soluções para a luta contra o câncer.