12 razões para fazer da Sérvia o seu próximo destino de viagem
País é um destino seguro e bastante econômico que tem atraído turistas do mundo todo
Quando eu decidi ir para a Sérvia, a primeira reação das pessoas foi “mas lá não é perigoso?”. Isso mostra o quão pouco se sabe sobre o país e como ainda há um estigma dos Bálcãs como uma região violenta.
Sim, a Sérvia já foi um país perigoso, sobretudo durante a Guerra da Iugoslávia na década de 1990. Mas hoje é um destino seguro e bastante econômico que tem atraído turistas do mundo todo. Portanto, veja 12 razões para fazer da Sérvia o seu próximo destino de viagem.
1 – Uma história intrigante
A história da Sérvia é longa e repleta de conflitos e sofrimento. A guerra da Iugoslávia da década de 1990 fez da Sérvia um país marginalizado na Europa e no mundo, mas a região guarda muito mais do que o legado de seus conflitos passados.
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Após inúmeras invasões, conquistas, destruições e reconstruções ao longo dos séculos, o Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos foi formado em 1918. Em 1929, seu nome foi alterado para Iugoslávia, mas a partir de 1941 os comunistas do país passaram a enfrentar a ocupação pelas Potências do Eixo (composto pela Alemanha, Itália e Japão). O marechal Josip Tito tomou controle do país quando os ocupantes foram derrotados em 1945 e fundou a República Federal Socialista da Iugoslávia, composta pela Eslovênia, Croácia, Bósnia e Herzegovina, Sérvia, Montenegro e Macedônia, além das províncias autônomas do Kosovo e Voivodina.
Mas após a morte de Tito, em 1980, as divergências entre as nações iugoslavas se intensificaram. E a situação piorou em 1989, quando Slobodan Milosevic se tornou presidente da Sérvia e passou a disseminar a ideia do domínio sérvio sobre os demais grupos étnicos da Iugoslávia. Como resultado, em 1991 a Croácia, a Eslovênia e a Macedônia declararam independência. E em 1992 foi a vez da Bósnia e Herzegovina. Sérvia e Montenegro, então, formaram a nova República Federal da Iugoslávia, iniciando campanhas militares nas demais nações para unir os sérvios étnicos e formar uma “Grande Sérvia”.
O conflito chegou até a província de Kosovo, onde a maioria albanesa tentou a independência, que não foi reconhecida pela Sérvia e nem pela comunidade internacional. A insurgência albanesa enfrentou uma resistência brutal dos sérvios, resultando em um grande massacre no Kosovo. Foi aí que a OTAN propôs um acordo de paz que, rejeitado por Milosevic, levou ao bombardeio da Sérvia pela organização em 1999.
A história da Sérvia fez do país o que ele é hoje. Visitá-la, portanto, requer conhecer e vivenciar também a sua complexa história. E a oportunidade de viver essa experiência proporciona aos viajantes uma compreensão ímpar sobre a natureza humana e a importância de se respeitar as diferenças e valorizar a diversidade.
2 – A riqueza cultural de Belgrado
Belgrado é uma das cidades mais antigas da Europa e fica situada no encontro dos mundos ocidental e oriental. Por estar em um ponto estratégico, a capital sérvia foi foco de inúmeros ataques por diferentes povos, o que resultou na sua destruição e consequente reconstrução por várias vezes ao longo de sua história.
Na 2ª Guerra Mundial, por exemplo, os nazistas alemães jogaram mais de 360 toneladas de bombas sobre a cidade, destruindo enormes áreas e matando milhares de pessoas.
Mas as disputas por Belgrado também fizeram com que a cidade incorporasse uma rica mistura de diferentes culturas, estilos e influências. Por isso, a capital sérvia é um destino super interessante para quem gosta de viajar. As maiores atrações de Belgrado incluem a histórica Fortaleza de Belgrado; o Museu da Iugoslávia; o Mausoléu de Tito; o Museu de Arte Contemporânea; o Museu dedicado à Nikola Tesla; o Palácio Real; a Praça da República; a Igreja Crkva Svetog Marka; o Templo de São Sava; o encontro dos rios Danúbio e Sava, entre outras .
Além das atrações turísticas, vale saber que Belgrado foi considerada pela famosa publicação de viagens Lonely Planet uma das cidades com melhor vida noturna da Europa. Por isso, explorar a noite na capital sérvia é uma experiência imperdível.
3 – A rica gastronomia balcânica
A gastronomia é uma marca bastante forte da cultura sérvia. Assim como nos demais países dos Bálcãs, é uma culinária fortemente carnívora, com acompanhamentos um tanto quanto pesados, como batatas, queijos e pães.
Alguns dos pratos típicos são sarma, que consiste em carne moída e arroz enrolados em folhas de repolho; karađorđeva, uma espécie de bife à milanesa; kajmak, um creme de leite bastante espesso que serve de acompanhamento para diversos pratos; e burek, uma massa folhada recheada com queijo e/ou carne. Aproveite também para experimentar a rakija, um forte conhaque de frutas tido como a bebida nacional do país.
4 – As belezas naturais estonteantes
A Sérvia também abriga incríveis belezas naturais, como vales, rios e montanhas que cortam o país. Alguns exemplos são o Parque Nacional Tara, os enormes portões naturais de pedra de Vratn e a bela Cidade do Diabo (Đavolja Varoš), composta por 202 formações rochosas resultantes da erosão.
Além das belezas naturais, na Sérvia há inúmeros castelos medievais, monastérios, sítios arqueológicos, spas e resorts. Por isso, se você tiver tempo, busque visitar também o interior para explorar o país em sua integralidade.
5 – A origem dos vampiros
A lenda dos vampiros perpassa por vários países dos Bálcãs, a exemplo do Drácula da Romênia. Mas pouca gente sabe que o termo “vampiro” advém da língua sérvia. Após a conquista do norte da Sérvia e de parte do que hoje é a Romênia pelos austríacos em 1718, os conquistadores perceberam que os habitantes locais exumavam os corpos dos mortos para matá-los novamente.
Aos cadáveres era dado o nome de vampir, que originou o termo em inglês “vampire”, uma das únicas palavras de origem sérvia internacionalmente reconhecida. Mas não se preocupe: a culinária do país faz bastante uso de alho, portanto é só comer bastante comida sérvia para manter eventuais vampiros bem distantes.
6 – Dois alfabetos distintos
O sérvio é o único idioma europeu escrito com dois alfabetos totalmente distintos: o latino e o cirílico. O alfabeto cirílico foi inventado por volta do ano 890 pelos discípulos de São Cirilo e São Metódio, dois irmãos missionários bizantinos que queriam traduzir a Bíblia e outros textos nas línguas eslavas.
Buscando continuar o trabalho dos irmãos, seus discípulos produziram o primeiro manuscrito eslavo, baseado em letras gregas com algumas adições e modificações. A partir daí, o círilico ganhou atualizações e hoje é usado como alfabeto em países como Bulgária, Macedônia, Rússia e Ucrânia.
A Constituição atualmente em vigor determina que o cirílico é a forma escrita oficial do país, embora o alfabeto latino também seja usado amplamente. Portanto, ao viajar pela Sérvia você se deparará com muitas informações escritas em cirílico e decifrá-las é, por si, uma experiência sem igual!
7 – O berço de imperadores romanos
A Sérvia foi terra natal de nada menos que 18 imperadores romanos. Os imperadores nasceram entre os séculos 2 e 4 nas províncias romanas que ocupavam a região nesse período. O mais famoso deles foi Constantino, o Grande, fundador de Constantinopla.
8 – A capital mundial da páprica
A vila Donja Lokošnica, onde habitam apenas 879 pessoas, é à primeira vista apenas uma pequena cidade rural da Sérvia. Contudo, algo em particular faz com que a vila adquira ares de importância: a predominância do cultivo do pimentão usado para produzir a páprica.
Todas as casas da vila participam no cultivo do pimentão e cada uma produz, em média, 3 toneladas do produto por ano. O ciclo do cultivo dura 9 meses e quando chega a hora da colheita, as casas penduram milhares de pimentões em suas fachadas para iniciar o processo de secagem. A cidade, toda avermelhada, celebra sua transformação em um festival annual do pimentão, que costuma acontecer entre setembro e outubro.
9 – Terra de Nikola Tesla
Embora nascido no que hoje é território da Croácia, Nikola Tesla era filho de um padre ortodoxo sérvio e era, portanto, etnicamente sérvio. O cientista fez descobertas e inventos cruciais para a engenharia eletrotécnica, dentre os quais o motor de corrente alternada e a transmissão elétrica sem fios. Em Belgrado, há um museu dedicado exclusivamente à sua vida.
10 – O café sérvio
O café na Sérvia não é meramente uma bebida, mas um ritual. Assim como em outros países dos Bálcãs, como a Bósnia e Herzegovina, o café da sérvia é originário da Turquia e foi apresentado aos sérvios durante a invasão otomana no século 15.
O café na sérvia é torrado, moído finamente e esquentado até quase o ponto de fervura em um recipiente chamado “džezva”. O café é então servido sem coar e por isso deve-se esperar alguns minutos até que o pó se assente no fundo da xícara.
A diferença entre o café turco e o sérvio está no modo de servir: os turcos bebem seu café em pequenos copos e os sérvios em copos maiores. Portanto, experimentar o café faz parte da experiência cultural e gastronômica de quem visita a Sérvia.
11 – O povo sérvio
Os sérvios se consideram um povo acolhedor e divertido. E de fato o são, desde que você não toque em alguns assuntos delicados para eles. As lembranças da guerra ainda são muito recentes para o povo sérvio e ainda hoje é possível ver as cicatrizes dos conflitos por várias partes do país. Por isso, falar sobre a Guerra da Iugoslávia ou sobre política pode ocasionar reações intensas nos sérvios.
O importante a saber é que os sérvios são barulhentos, alegres e bastante festeiros. Há quem diga que essa característica se dá por eles saberem que períodos de paz e prosperidade são passageiros e por isso eles aproveitam o presente ao máximo. Logo, é possível que durante a sua viagem à Sérvia você consiga fazer bons amigos.
12 – Os preços
Os países da Europa Central e Oriental são, em geral, destinos bastante baratos. Claro que chegar até lá saindo do Brasil pode ser complicado, mas uma vez no país, os preços são muito mais acessíveis do que nos destinos europeus mais comuns.
É possível, por exemplo, conseguir hospedagem para duas pessoas em apart-hotéis em Belgrado a partir de R$ 170 a diária. E se você optar por ficar em um Airbnb, o preço é ainda menor, ficando na faixa de R$ 100 por dia. A alimentação também é barata: uma refeição em um restaurante mais barato custa em média R$ 20 e em um restaurante mais caro, cerca de R$ 40 (entrada, prato principal e sobremesa).
Quanto aos voos, para conseguir valores mais em conta é melhor voar para um destino mais comum na Europa Ocidental e de lá pegar um voo com uma companhia de baixo custo (como a Wizzair) para Belgrado. Busque também datas flexíveis e fora da alta temporada para conseguir preços mais em conta.
Está esperando o que?
Além de ser um país de belezas naturais de tirar o fôlego, a Sérvia possui uma cultura viva, uma história super intrigante e preços bastante amigáveis. Por isso, embora ainda pouco explorado pelos viajantes brasileiros, é um país que definitivamente merece mais da sua atenção. Então que tal incluir a Sérvia na sua próxima viagem?
Relato por Luiza Teixeira, do blog Viajante Fora da Curva