3 livros para crianças que gostam de viajar

São viagens visuais que fazem a gente colar a cara em páginas coloridas que conduzem por mundos nem sempre conhecidos das crianças

Em parceria com Viagem em Pauta
11/10/2019 09:16

Seria de bom tom fazer uma lista de obras com personagens conhecidos em histórias que terminam com alguma moral ou o bem vencendo o mal. Eu poderia também rascunhar longos parágrafos com argumentos a favor da introdução da leitura de livros para crianças, bem como seus benefícios.

São viagens visuais que fazem a gente colar a cara em páginas coloridas que conduzem por mundos nem sempre conhecidos das crianças
São viagens visuais que fazem a gente colar a cara em páginas coloridas que conduzem por mundos nem sempre conhecidos das crianças - Reprodução

Mas as obras a seguir, que também entretêm adultos, não precisam de introduções demoradas. São viagens visuais que fazem a gente colar a cara em páginas coloridas que conduzem por mundos nem sempre conhecidos das crianças (e de muito marmanjo), sobretudo as das grandes cidades que nunca viram um buriti balançar na beira de uma vereda ou não se assustaram com histórias de Comadre Fulozinha.

Seja no sertão cearense ou no mundo surrealista de uma pulga que se esconde em fotos de acervo, essas 3 obras da editora Peirópolis são estímulos visual e literário para crianças que gostam de viajar (e de ler).

“O incrível álbum de Picolina, a pulga viajante”, de Laura Erber e Maria Cristaldi

Crianças curiosas viajam por horas nesse delicioso livro de fotomontagens que escondem, em cada uma delas, a pulga que dá título à obra. Não é bem um livro para ler, mas para bisbilhotar cada detalhe até que se encontre a minúscula Picolina.

Capa do livro “O incrível álbum de Picolina, a pulga viajante”, de Laura Erber e Maria Cristaldi
Capa do livro “O incrível álbum de Picolina, a pulga viajante”, de Laura Erber e Maria Cristaldi - Reprodução

São 10 imagens em preto e branco, extraídas de diferentes acervos e com intervenções coloridas que complementam e dão novos sentidos às fotos, como a torneira colocada em uma cachoeira de Mosman, na Austrália, o cogumelo gigante em uma foto antiga de um jardim em Sydney e o cavalo com pés de pato.

Assim como dar brinquedo sem pilhas para crianças, senti falta de receber o livro já com uma lupa incluída para acompanhar de perto a viagem desse inseto.

Pensando bem, isso nem importa. Crianças costumam ter acuidade visual melhor do que a de jornalistas quarentões.

“Buriti”, de Rubens Matuck

Inspirado em suas viagens pelo interior do Brasil, o artista plástico paulistano Rubens Matuck assina essa obra que nos leva à época dos antigos livros manuscritos e das ilustrações dos primeiros viajantes europeus no Brasil colonial.

Nessa espécie de livro de anotações, as aquarelas de Matuck vão do verde ao ocre, assim como nas fases de amadurecimento da planta, e retratam buritis e seu entorno.

Premiado pela FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil), nas categorias ‘Melhor Projeto Editorial’ e ‘Melhor Livro Informativo’, este é um livro dentro de outro, com reproduções de um trabalho de encadernação feita com materiais extraídos do próprio buriti.

E se falta texto para os belos desenhos do autor, o detalhado prefácio do jornalista Oscar D’Ambrosio dá conta de contextualizar essas espécies encontradas em áreas alagáveis do Cerrado, como a geometria das plantas, a importância das veredas e os animais atraídos por esse ambiente, como a arara-canindé.

É para crianças, mas devo confessar que passei horas percorrendo os olhos em cenários que nem sempre a gente presta atenção, em trilhas pelo interior do país.

“Terra de cabinha: pequeno inventário da vida de meninos e meninas do sertão”, de Gabriela Romeu 

Terceiro lugar do Prêmio Jabuti 2017 na categoria Didático e Paradidático, esse livro é um relato de viagem sobre as crianças da Chapada do Araripe, no Ceará.

A obra é dividida em 13 breves capítulos, introduzidos por versos, e temas como as brincadeiras na terra, corrida de jumento, fabricação caseira de peteca e até procura por Maria Fulozinha, personagem do folclore brasileiro.

Tem “história verdadeira”, “causo” e “outro tanto de invenção” mas também tem dica para fazer chicote de reisado, folha de campeba que vira escorregador e futebol de botão com vidrinhos de vacina.

Já não tenho mais disposição física para certas brincadeiras propostas pela autora, mas já passou da hora de desembarcar no sertão verde do Cariri para ver aquilo tudo de perto.