3 museus imperdíveis no Brasil, para pensar passado, presente e futuro
Museu do Amanhã (RJ), Museu da Imigração (SP) e Inhotim (MG) são interessantes passeios, entre adultos ou com crianças
Nós adoramos uma exposição. Mas ninguém precisa ser o maior fã desse tipo de programa para gostar da visita a três museus no Brasil imperdíveis, tanto pelo acervo e pela apresentação, quanto pelo que essas instituições representam no aprendizado e na construção da cidadania.
Cada um a seu modo, Museu do Amanhã (RJ), Museu da Imigração (SP) e Inhotim (MG) conduzem à reflexão de um modo natural e interessante.
E, melhor, os três tem um dia da semana em que o ingresso sai de graça (exceto em feriados). Veja quando e saiba mais sobre eles:
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Museu do Amanhã (RJ): que futuro nós queremos
Na revitalizada Praça Mauá, o Museu do Amanhã já é um cartão-postal tão essencial para quem vai ao Rio, quanto ver as belezas naturais do Cristo Redentor — leia Corcovado: como chegar — e do Pão de Açúcar. A maneira mais prática e gostosa de ir até lá é pegando o VLT Rio, bonde modernoso que roda pela região central da cidade. O Amanhã convida o visitante a refletir sobre a industrialização pesada dos últimos 50 anos no mundo e a agir para construirmos um planeta melhor no futuro.
Tudo de forma muito natural. A cada área temática (Cosmos, Terra, Antropoceno, Amanhãs e Nós), muita tecnologia é usada para despertar o interesse das nossas mentes inseridas no mundo digital e nos levar a pensar de onde viemos e em que sociedade queremos viver adiante. A aula de Ciência misturada com Geografia costuma agradar a perfis variados.
Em Terra, não deixe de conferir as partes Vida (aborda de código genético a ecossistemas) e Pensamento (trata de sistema nervoso e culturas mundo afora). Os painéis de Antropoceno são um choque de realidade, mais do que necessário, para a visita ao Amanhã ser abrangente.
Exposições temporárias no térreo completam a experiência no museu. Pratodomundo — Comida para 10 Bilhões, em cartaz até outubro de 2019, trata da capacidade e qualidade da alimentação da população do mundo todo daqui a 30 anos. O Museu do Amanhã, com 2 andares, projetado pelo espanhol Santiago Calatrava, se destaca na Baía de Guanabara — na chegada ao Rio de avião muitas vezes é possível ver o desenho futurista do Amanhã em contraste com o castelinho da Ilha Fiscal.
Dia gratuito no Museu do Amanhã (RJ): terça-feira; ainda dá para visitar de graça, na mesma Praça Mauá, o Museu de Arte do Rio (MAR), sem acervo fixo e sempre com mostras que ajudam a entender o Rio de Janeiro.
Inhotim (MG): quando a arte é contemporânea e botânica
Um parque com obras de arte e espécies raras fincado no presente. Instituto que trabalha pelo desenvolvimento sustentável, Inhotim não poderia representar melhor um museu da atualidade, com sua mistura de arte contemporânea e rica coleção botânica, com espécies raras e até ameaçadas de extinção. É o símbolo de um turismo baseado em experiência, juntando natureza com cultura, entretenimento com educação, num Brasil tão rico nessas possibilidades, embora tão poucas sejam essas iniciativas.
Em agosto de 2018, o Inhotim chegou à marca de 3 milhões de visitantes. Seis meses depois, no entanto, o lugar apareceu no noticiário por outro motivo: o rompimento da Barragem de Brumadinho, em janeiro de 2019. O desastre ambiental não afetou fisicamente o Inhotim, localizado no município mineiro a 60 km de Belo Horizonte. Mas diminuiu o turismo na região, o que levou o governo de Minas Gerais a declarar novamente, antes da Semana Santa deste ano, que o lugar é seguro e está fora das áreas de risco das barragens.
Situado entre a Mata Atlântica e o Cerrado, reúne em torno de 4.500 espécies de todos os continentes em 140 hectares abertos à visitação; deles, 42 são de jardins. No Jardim Botânico do Inhotim ou nas 23 galerias, estão expostas cerca de 700 obras de arte, entre esculturas, pinturas, instalações, fotografias e vídeos de aproximadamente 60 artistas, de 38 países. Quatro galerias recebem as temporárias. Nas 19 permanentes, estão trabalhos de nomes como Hélio Oiticica, Cildo Meireles, Matthew Barney, Adriana Varejão e Lygia Pape.
Dia gratuito em Inhotim (MG): quarta-feira.
Museu da Imigração (SP): como a cidade virou uma metrópole
Para amantes de história, esse museu é adorável (não me ocorre uma palavra mais adequada). Com todo o acervo exposto em três línguas (português, inglês e espanhol), mesma característica vista no Amanhã, o museu que reconta São Paulo está instalado na antiga Hospedaria dos Imigrantes. Por ali passaram 2,5 milhões de estrangeiros de cerca de 70 nacionalidades, entre eles, italianos, portugueses, japoneses e alemães. Aliás, há muitas festas de imigrantes em São Paulo, para homenagear essas comunidades.
Com prédio e jardim bem conservados, o Museu da Imigração é um lugar lindo. Nem sempre foi assim. Ele passou por uma reforma total, do jeito que todo edifício antigo merecia ganhar em São Paulo ou em qualquer lugar. Em 1999, quando estive lá ainda era o Memorial do Imigrante, uma exposição muito simples. Na época, eu tinha chegado a São Paulo e não resisti ao saber que a cidade tinha um museu sobre os povos que formaram a cidade. Eu amo esse tipo de exposição — também visitei o Museu da Imigração de Nova York e o Museu de Imigração de Halifax, na costa leste do Canadá.
Atualmente, a bela montagem e apresentação do acervo vai dos primórdios das migrações do ser humano, passa pela história do Brasil e de São Paulo (com as grandes viagens de navio e objetos de época) e chega à formação de bairros tradicionais da cidade, como os dois em cujo encontro se localiza o Museu da Imigração: Brás e Mooca.
Tem ainda uma cafeteria com lanches gostosinhos e um passeio de maria-fumaça nos fins de semana e feriados — o trem sai de uma pequena estação do outro lado da rua, em relação à entrada do museu. Nosso filho, Joaquim, experimentou dar essa voltinha na composição de 1928 com a avó Sonia, minha mãe. Eles disseram que gostaram.
Dia gratuito no Museu da Imigração (SP): sábado — o passeio de maria-fumaça é pago.
Por Nathalia Molina