5 destinos seguros para mulheres viajarem sozinhas
Cresce o número de mulheres que viajam sozinhas em busca de autonomia, bem-estar e experiências culturais transformadoras
O turismo solo vive um momento de expansão, especialmente entre mulheres que escolhem explorar o mundo em seu próprio ritmo. Mais do que uma tendência passageira, esse movimento reflete uma busca por liberdade, bem-estar, conexão cultural e autoconhecimento. Viajar sozinha tornou-se uma forma de empoderamento, revelando uma nova relação com o tempo, o espaço e a própria identidade.
Dados recentes confirmam essa transformação. Segundo o relatório Travel Trends 2025, da Forbes, 71% dos viajantes solo são mulheres. Além disso, 76% dos integrantes da Geração Z e dos Millennials afirmam que pretendem realizar uma viagem solo ainda em 2025. A pesquisa anual do portal Solo Traveler World reforça esse cenário: mais de 80% das participantes são mulheres, em sua maioria com mais de 55 anos, alto nível de escolaridade e autonomia na tomada de decisões relacionadas a viagens.

Outros levantamentos mostram que o interesse por esse tipo de experiência continua crescendo. A plataforma Atlys aponta que 45% das mulheres planejam viajar sozinhas em 2025, um avanço significativo em relação aos 37% registrados no ano anterior. Além disso, 75% das entrevistadas pretendem repetir a experiência nos próximos 12 meses. Já o estudo da Condor Ferries estima que 64% dos viajantes globais são mulheres, responsáveis por um gasto projetado de US$ 125 bilhões neste ano. O levantamento também indica que 82% das decisões de viagem são tomadas por mulheres.
O setor hoteleiro acompanha esse movimento com atenção. A expectativa é de que o segmento de viagens solo cresça cerca de 10% ao ano até 2030, impulsionando adaptações em serviços, infraestrutura e atendimento para atender às necessidades específicas desse público. Hotéis, pousadas e operadoras têm investido em experiências personalizadas, segurança reforçada e ambientes acolhedores.
Para Estela Assis, especialista em roteiros personalizados e fundadora da agência Viaje com Estela, esse cenário reflete uma mudança profunda no perfil da viajante contemporânea. “Cada vez mais mulheres estão dispostas a explorar o mundo em seus próprios termos, priorizando destinos seguros, experiências autênticas e conexões culturais. Há uma valorização do que é vivido, e não apenas do que é consumido”, afirma.
Segundo ela, o crescimento das viagens solo femininas é um reflexo da transformação social e da ampliação de oportunidades. “O mundo se abriu para as mulheres. Elas buscam cultura, segurança e liberdade. A ascensão da viajante é um testemunho de força, coragem e desejo de autodescoberta. Não são apenas turistas, são exploradoras, criadoras de suas próprias narrativas. A aventura é tanto externa quanto interna”, completa Estela.
5 destinos seguros para mulheres viajarem sozinhas
Pensando em inspirar quem deseja transformar a próxima viagem em um momento de conexão emocional e cultural, a Catraca Livre pediu para a Estela indicar cinco destinos acolhedores e seguros para mulheres que desejam viajar sozinhas.
A seleção contempla lugares que oferecem infraestrutura adequada, hospitalidade, riqueza cultural e experiências transformadoras — sempre com foco na autonomia e no bem-estar da viajante.
Lisboa (Portugal)
Viajar sozinha para Portugal é se sentir acolhida em um país que combina hospitalidade, segurança e uma imersão cultural que começa logo nos primeiros passos. Relatórios recentes da Global Rescue e da TimeOut colocam Portugal entre os destinos mais seguros do mundo para mulheres viajantes, reforçando algo que eu mesma senti por lá: liberdade para explorar sem pressa e no meu próprio ritmo.

Lisboa revela esse lado em Alfama, com suas ruelas estreitas e o fado ecoando de pequenas casas de música, ou no Bairro Alto, onde tradição e modernidade convivem em harmonia. A cada esquina, uma pastelaria convida para um café acompanhado de pastel de nata ainda quentinho, enquanto as tascas servem pratos típicos como bacalhau à Brás e sardinhas assadas, que são parte da alma portuguesa. Subir até o Miradouro da Graça e ver a cidade se abrir ao entardecer é uma experiência que fica gravada. E se o bondinho amarelo cruzando as ladeiras parece cartão-postal, viver esse movimento faz parte do encantamento.

Mais ao norte, Porto guarda um charme diferente, com o Douro refletindo a cidade, a imponência da Ponte Dom Luís I e o ritual das caves de vinho. Para quem prefere o mar, o Algarve entrega praias de água cristalina, enquanto Sintra parece um mergulho em contos de fadas, com seus palácios e jardins que inspiram uma viagem mais contemplativa e histórica. E se a paisagem muda de cidade para cidade, a gastronomia acompanha esse movimento: um cálice de vinho do Porto, cataplanas de frutos do mar no Algarve ou os travesseiros doces de Sintra tornam a jornada ainda mais autêntica.
“Portugal tem uma forma única de abraçar a mulher que viaja sozinha. É um lugar onde segurança e autenticidade caminham juntas. Lisboa, em especial, me fez sentir parte da cidade, seja em uma conversa casual em uma pastelaria, seja ao contemplar o pôr do sol no Miradouro da Senhora do Monte. Para quem busca liberdade, cultura e um tempo só seu, é uma escolha que mistura emoção e tranquilidade em cada esquina”, destaca Estela.
Kyoto (Japão)
Kyoto é um destino que preserva a tradição japonesa em cada detalhe. Viajar sozinha por lá, com o suporte de um travel designer especializado, é abrir espaço para viver o Japão com tranquilidade, sem se perder na complexidade cultural e logística do país.

A cidade revela seu lado mais autêntico em templos centenários e jardins silenciosos, onde o tempo parece ter outro ritmo. O Kiyomizu-dera, construído em uma encosta, oferece uma das vistas mais emblemáticas de Kyoto. O Pavilhão Dourado, conhecido como Kinkaku-ji, impressiona pelo reflexo das paredes douradas sobre o lago que o circunda. Já o bosque de bambus de Arashiyama cria uma atmosfera meditativa, onde o silêncio, tão valorizado no Japão, se torna parte essencial da experiência.
Com sorte, é possível cruzar com uma gueixa caminhando discretamente pelas ruas de Gion, bairro que mantém viva uma tradição centenária. Justamente por ser raro, esse encontro se torna ainda mais especial.

A gastronomia é outro capítulo de Kyoto. A cidade é referência mundial em doces à base de matcha, mas também surpreende nas ruas: barraquinhas de takoyaki preparados na hora, yakitori grelhados que perfumam as esquinas e casas de ramen onde locais e viajantes dividem o mesmo balcão. A comida de rua é higiênica, inventiva e tão saborosa quanto os restaurantes, permitindo explorar sem receio.
Outro ponto que facilita incluir o Japão, e consequentemente Kyoto, no roteiro é que brasileiras não precisam de visto para entrar no país até 2027. Em um momento em que o Japão vive uma ascensão no número de visitantes internacionais, Kyoto segue como o destino preferido por quem busca tradição, espiritualidade e autoconhecimento. E para mulheres, a cidade traz algo essencial: a segurança de explorar sozinhas, sem abrir mão do cuidado e da liberdade.
Amsterdã (Holanda)
Amsterdã parece ter sido pensada para quem viaja sozinha, especialmente quando se busca mais do que turismo, quer pertencimento. A cidade oferece uma malha urbana acolhedora, com ciclovias seguras ao longo dos canais, transporte público eficiente e muita fluidez nos encontros, cafés, passeios lentos, vitrines que convidam à descoberta sem pressa.

Quem já viajou sozinha por lá compartilha uma sensação rara de conforto: “é um dos lugares mais seguros em que já estive”, escreveu uma visitante após caminhar sozinha às 3 da manhã sem sentir apreensão. Outro texto recente ressalta que “Amsterdã continua figurando entre as dez cidades mais seguras do mundo para mulheres”. A combinação de baixos índices de criminalidade, uso generalizado do inglês e valorização da igualdade formam um ambiente que convida à liberdade com segurança.
A experiência urbana se vive nos detalhes: pedalar pelas margens dos canais é deslizar entre bicicletas, casinhas e mercadinhos, perder-se nas galerias independentes do bairro de Jordaan é descobrir a generosidade do cotidiano local, seja na conversa com uma vendedora ou na trilha sonora das risadas vindas das mesas de um café, e entrar em um barco para passeio pelos canais é observar a cidade se revelar em reflexos, os edifícios curtos, os pedaços de céu, os pássaros indo e vindo.

A gastronomia de Amsterdã também merece atenção. Seja um stroopwafel quente comprado no mercado ou um prato simples de arenque servido na barraquinha da rua, a comida fala por si, prática, autêntica e claramente conectada com as pessoas que a prepararam e a consomem. Parar, comer sozinha, sem constrangimento, é mais do que permitido, é celebrado.
“E se a pergunta é por que Amsterdã figura nas listas que inspiram mulheres a viajar sozinhas, a resposta está aí, os canais, a bicicleta, a luz suave sobre as águas, o trânsito calmo, as pessoas que não estranham uma mulher andando só tarde da noite. Essa fluência entre segurança e liberdade transforma a viagem em uma experiência mais libertadora do que turística”, comenta Estela.
Copenhague (Dinamarca)
Copenhague é dessas cidades onde a viagem se mistura com o bem-estar. Caminhar ou pedalar sozinha pelas ruas largas e silenciosas transmite segurança, mas também uma sensação de leveza rara em grandes capitais. A cidade combina organização impecável com uma delicadeza cultural que se revela em cada detalhe.

Explorar Nyhavn é se deixar levar pelas casas coloridas refletidas no canal, enquanto em Vesterbro e Nørrebro o encontro é com cafés de mulheres empreendedoras e mercados onde o local se mistura com o contemporâneo. Os spas históricos e as saunas à beira da água são quase rituais de cuidado, lembrando que viajar também é sobre desacelerar.
Na mesa, a Dinamarca mostra outro lado de sua alma. Do smørrebrød tradicional servido no almoço a uma refeição compartilhada em mercados gastronômicos, a experiência é sobre simplicidade e conexão, o verdadeiro luxo sensorial.

Copenhague oferece o equilíbrio que muitas mulheres buscam em uma viagem solo: segurança, cultura viva e um espaço para se reconectar consigo mesma, a verdadeira experiência que a Geração Z valoriza cada vez mais.
Tblisi (Geórgia)
Tbilisi é uma capital que surpreende justamente por não estar entre os destinos óbvios, mas que oferece segurança, autenticidade e uma forma rara de acolhimento. Viajar sozinha por lá é sentir que cada encontro pode virar conversa: moradores se interessam pelas histórias das pessoas, param, escutam e transformam o simples ato de estar na cidade em conexão genuína.

No coração de Old Tbilisi, as ruas estreitas e as varandas de madeira levam até Abanotubani, onde os banhos de enxofre seguem ativos e revelam o significado do nome da cidade, já que tbili quer dizer “quente”. Entre cúpulas de pedra e salas de vapor, a tradição se mistura ao cuidado com o corpo e à história viva.
A mesa georgiana é sempre convite à partilha. O khachapuri, pão recheado de queijo, e os khinkali, dumplings cheios de caldo, são pratos que carregam o sabor do cotidiano. E é impossível falar da Geórgia sem mencionar o vinho. Considerado o berço da bebida, o país mantém uma tradição de oito mil anos, produzindo em ânforas de barro chamadas qvevri. Muitas vezes essa experiência acontece em uma supra, o banquete conduzido pelo tamada, o mestre dos brindes, que transforma cada refeição em celebração.

Além do urbano, Tbilisi é cercada por montanhas e parques que oferecem trilhas para quem busca silêncio, natureza e um tempo de introspecção. Mais do que destino turístico, Tbilisi é um lugar onde segurança e hospitalidade se encontram com cultura e espiritualidade. É uma escolha que transforma a viagem solo em algo autêntico, humano e transformador.