5 destinos seguros para mulheres viajarem sozinhas

Cresce o número de mulheres que viajam sozinhas em busca de autonomia, bem-estar e experiências culturais transformadoras

07/09/2025 16:08

O turismo solo vive um momento de expansão, especialmente entre mulheres que escolhem explorar o mundo em seu próprio ritmo. Mais do que uma tendência passageira, esse movimento reflete uma busca por liberdade, bem-estar, conexão cultural e autoconhecimento. Viajar sozinha tornou-se uma forma de empoderamento, revelando uma nova relação com o tempo, o espaço e a própria identidade.

Dados recentes confirmam essa transformação. Segundo o relatório Travel Trends 2025, da Forbes, 71% dos viajantes solo são mulheres. Além disso, 76% dos integrantes da Geração Z e dos Millennials afirmam que pretendem realizar uma viagem solo ainda em 2025. A pesquisa anual do portal Solo Traveler World reforça esse cenário: mais de 80% das participantes são mulheres, em sua maioria com mais de 55 anos, alto nível de escolaridade e autonomia na tomada de decisões relacionadas a viagens.

Conheça e inspire-se na história dessas mulheres que já viajaram sozinhas para diversos países
Conheça e inspire-se na história dessas mulheres que já viajaram sozinhas para diversos países - ArtistGNDphotography/iStock

Outros levantamentos mostram que o interesse por esse tipo de experiência continua crescendo. A plataforma Atlys aponta que 45% das mulheres planejam viajar sozinhas em 2025, um avanço significativo em relação aos 37% registrados no ano anterior. Além disso, 75% das entrevistadas pretendem repetir a experiência nos próximos 12 meses. Já o estudo da Condor Ferries estima que 64% dos viajantes globais são mulheres, responsáveis por um gasto projetado de US$ 125 bilhões neste ano. O levantamento também indica que 82% das decisões de viagem são tomadas por mulheres.

O setor hoteleiro acompanha esse movimento com atenção. A expectativa é de que o segmento de viagens solo cresça cerca de 10% ao ano até 2030, impulsionando adaptações em serviços, infraestrutura e atendimento para atender às necessidades específicas desse público. Hotéis, pousadas e operadoras têm investido em experiências personalizadas, segurança reforçada e ambientes acolhedores.

Para Estela Assis, especialista em roteiros personalizados e fundadora da agência Viaje com Estela, esse cenário reflete uma mudança profunda no perfil da viajante contemporânea. “Cada vez mais mulheres estão dispostas a explorar o mundo em seus próprios termos, priorizando destinos seguros, experiências autênticas e conexões culturais. Há uma valorização do que é vivido, e não apenas do que é consumido”, afirma.

Segundo ela, o crescimento das viagens solo femininas é um reflexo da transformação social e da ampliação de oportunidades. “O mundo se abriu para as mulheres. Elas buscam cultura, segurança e liberdade. A ascensão da viajante é um testemunho de força, coragem e desejo de autodescoberta. Não são apenas turistas, são exploradoras, criadoras de suas próprias narrativas. A aventura é tanto externa quanto interna”, completa Estela.

5 destinos seguros para mulheres viajarem sozinhas

Pensando em inspirar quem deseja transformar a próxima viagem em um momento de conexão emocional e cultural, a Catraca Livre pediu para a Estela indicar cinco destinos acolhedores e seguros para mulheres que desejam viajar sozinhas.

A seleção contempla lugares que oferecem infraestrutura adequada, hospitalidade, riqueza cultural e experiências transformadoras — sempre com foco na autonomia e no bem-estar da viajante.

Lisboa (Portugal)

Viajar sozinha para Portugal é se sentir acolhida em um país que combina hospitalidade, segurança e uma imersão cultural que começa logo nos primeiros passos. Relatórios recentes da Global Rescue e da TimeOut colocam Portugal entre os destinos mais seguros do mundo para mulheres viajantes, reforçando algo que eu mesma senti por lá: liberdade para explorar sem pressa e no meu próprio ritmo.

Torre de Belém ou Torre de São Vicente, às margens do rio Tejo, é atração imperdível para conhecer em Lisboa
Torre de Belém ou Torre de São Vicente, às margens do rio Tejo, é atração imperdível para conhecer em Lisboa - istock

Lisboa revela esse lado em Alfama, com suas ruelas estreitas e o fado ecoando de pequenas casas de música, ou no Bairro Alto, onde tradição e modernidade convivem em harmonia. A cada esquina, uma pastelaria convida para um café acompanhado de pastel de nata ainda quentinho, enquanto as tascas servem pratos típicos como bacalhau à Brás e sardinhas assadas, que são parte da alma portuguesa. Subir até o Miradouro da Graça e ver a cidade se abrir ao entardecer é uma experiência que fica gravada. E se o bondinho amarelo cruzando as ladeiras parece cartão-postal, viver esse movimento faz parte do encantamento.

Ponte Dom Luís I liga a cidade do Porto a Vila Nova de Gaia, no norte do Portugal
Ponte Dom Luís I liga a cidade do Porto a Vila Nova de Gaia, no norte do Portugal - Divulgação/Civitatis

Mais ao norte, Porto guarda um charme diferente, com o Douro refletindo a cidade, a imponência da Ponte Dom Luís I e o ritual das caves de vinho. Para quem prefere o mar, o Algarve entrega praias de água cristalina, enquanto Sintra parece um mergulho em contos de fadas, com seus palácios e jardins que inspiram uma viagem mais contemplativa e histórica. E se a paisagem muda de cidade para cidade, a gastronomia acompanha esse movimento: um cálice de vinho do Porto, cataplanas de frutos do mar no Algarve ou os travesseiros doces de Sintra tornam a jornada ainda mais autêntica.

“Portugal tem uma forma única de abraçar a mulher que viaja sozinha. É um lugar onde segurança e autenticidade caminham juntas. Lisboa, em especial, me fez sentir parte da cidade, seja em uma conversa casual em uma pastelaria, seja ao contemplar o pôr do sol no Miradouro da Senhora do Monte. Para quem busca liberdade, cultura e um tempo só seu, é uma escolha que mistura emoção e tranquilidade em cada esquina”, destaca Estela.

Kyoto (Japão)

Kyoto é um destino que preserva a tradição japonesa em cada detalhe. Viajar sozinha por lá, com o suporte de um travel designer especializado, é abrir espaço para viver o Japão com tranquilidade, sem se perder na complexidade cultural e logística do país.

Floresta de bambu em Kyoto, uma das belezas do Japão
Floresta de bambu em Kyoto, uma das belezas do Japão - awatchaiprakobkit/iStock

A cidade revela seu lado mais autêntico em templos centenários e jardins silenciosos, onde o tempo parece ter outro ritmo. O Kiyomizu-dera, construído em uma encosta, oferece uma das vistas mais emblemáticas de Kyoto. O Pavilhão Dourado, conhecido como Kinkaku-ji, impressiona pelo reflexo das paredes douradas sobre o lago que o circunda. Já o bosque de bambus de Arashiyama cria uma atmosfera meditativa, onde o silêncio, tão valorizado no Japão, se torna parte essencial da experiência.

Com sorte, é possível cruzar com uma gueixa caminhando discretamente pelas ruas de Gion, bairro que mantém viva uma tradição centenária. Justamente por ser raro, esse encontro se torna ainda mais especial.

Vista do Templo de Daigoji no outono, que é Patrimônio Mundial da Humanidade desde 1994
Vista do Templo de Daigoji no outono, que é Patrimônio Mundial da Humanidade desde 1994 - Divulgação/Quickly Travel

A gastronomia é outro capítulo de Kyoto. A cidade é referência mundial em doces à base de matcha, mas também surpreende nas ruas: barraquinhas de takoyaki preparados na hora, yakitori grelhados que perfumam as esquinas e casas de ramen onde locais e viajantes dividem o mesmo balcão. A comida de rua é higiênica, inventiva e tão saborosa quanto os restaurantes, permitindo explorar sem receio.

Outro ponto que facilita incluir o Japão, e consequentemente Kyoto, no roteiro é que brasileiras não precisam de visto para entrar no país até 2027. Em um momento em que o Japão vive uma ascensão no número de visitantes internacionais, Kyoto segue como o destino preferido por quem busca tradição, espiritualidade e autoconhecimento. E para mulheres, a cidade traz algo essencial: a segurança de explorar sozinhas, sem abrir mão do cuidado e da liberdade.

Amsterdã (Holanda)

Amsterdã parece ter sido pensada para quem viaja sozinha, especialmente quando se busca mais do que turismo, quer pertencimento. A cidade oferece uma malha urbana acolhedora, com ciclovias seguras ao longo dos canais, transporte público eficiente e muita fluidez nos encontros, cafés, passeios lentos, vitrines que convidam à descoberta sem pressa.

Os famosos canais de Amsterdã na primavera
Os famosos canais de Amsterdã na primavera - Yasonya/iStock

Quem já viajou sozinha por lá compartilha uma sensação rara de conforto: “é um dos lugares mais seguros em que já estive”, escreveu uma visitante após caminhar sozinha às 3 da manhã sem sentir apreensão. Outro texto recente ressalta que “Amsterdã continua figurando entre as dez cidades mais seguras do mundo para mulheres”. A combinação de baixos índices de criminalidade, uso generalizado do inglês e valorização da igualdade formam um ambiente que convida à liberdade com segurança.

A experiência urbana se vive nos detalhes: pedalar pelas margens dos canais é deslizar entre bicicletas, casinhas e mercadinhos, perder-se nas galerias independentes do bairro de Jordaan é descobrir a generosidade do cotidiano local, seja na conversa com uma vendedora ou na trilha sonora das risadas vindas das mesas de um café, e entrar em um barco para passeio pelos canais é observar a cidade se revelar em reflexos, os edifícios curtos, os pedaços de céu, os pássaros indo e vindo.

As tulipas e os moinhos são símbolos da Holanda
As tulipas e os moinhos são símbolos da Holanda - iStock

A gastronomia de Amsterdã também merece atenção. Seja um stroopwafel quente comprado no mercado ou um prato simples de arenque servido na barraquinha da rua, a comida fala por si, prática, autêntica e claramente conectada com as pessoas que a prepararam e a consomem. Parar, comer sozinha, sem constrangimento, é mais do que permitido, é celebrado.

“E se a pergunta é por que Amsterdã figura nas listas que inspiram mulheres a viajar sozinhas, a resposta está aí, os canais, a bicicleta, a luz suave sobre as águas, o trânsito calmo, as pessoas que não estranham uma mulher andando só tarde da noite. Essa fluência entre segurança e liberdade transforma a viagem em uma experiência mais libertadora do que turística”, comenta Estela.

Copenhague (Dinamarca)

Copenhague é dessas cidades onde a viagem se mistura com o bem-estar. Caminhar ou pedalar sozinha pelas ruas largas e silenciosas transmite segurança, mas também uma sensação de leveza rara em grandes capitais. A cidade combina organização impecável com uma delicadeza cultural que se revela em cada detalhe.

As casas coloridas na região de Nyhavn, em Copenhague
As casas coloridas na região de Nyhavn, em Copenhague - CHUNYIP WONG/iStock

Explorar Nyhavn é se deixar levar pelas casas coloridas refletidas no canal, enquanto em Vesterbro e Nørrebro o encontro é com cafés de mulheres empreendedoras e mercados onde o local se mistura com o contemporâneo. Os spas históricos e as saunas à beira da água são quase rituais de cuidado, lembrando que viajar também é sobre desacelerar.

Na mesa, a Dinamarca mostra outro lado de sua alma. Do smørrebrød tradicional servido no almoço a uma refeição compartilhada em mercados gastronômicos, a experiência é sobre simplicidade e conexão, o verdadeiro luxo sensorial.

Vista aérea de Copenhague | Foto: Carolina Penha
Vista aérea de Copenhague | Foto: Carolina Penha

Copenhague oferece o equilíbrio que muitas mulheres buscam em uma viagem solo: segurança, cultura viva e um espaço para se reconectar consigo mesma, a verdadeira experiência que a Geração Z valoriza cada vez mais.

Tblisi (Geórgia)

Tbilisi é uma capital que surpreende justamente por não estar entre os destinos óbvios, mas que oferece segurança, autenticidade e uma forma rara de acolhimento. Viajar sozinha por lá é sentir que cada encontro pode virar conversa: moradores se interessam pelas histórias das pessoas, param, escutam e transformam o simples ato de estar na cidade em conexão genuína.

Vista panorâmica de Tblisi, capital da Geórgia
Vista panorâmica de Tblisi, capital da Geórgia - Boris Kuznetsov/Wikimedia Commons

No coração de Old Tbilisi, as ruas estreitas e as varandas de madeira levam até Abanotubani, onde os banhos de enxofre seguem ativos e revelam o significado do nome da cidade, já que tbili quer dizer “quente”. Entre cúpulas de pedra e salas de vapor, a tradição se mistura ao cuidado com o corpo e à história viva.

A mesa georgiana é sempre convite à partilha. O khachapuri, pão recheado de queijo, e os khinkali, dumplings cheios de caldo, são pratos que carregam o sabor do cotidiano. E é impossível falar da Geórgia sem mencionar o vinho. Considerado o berço da bebida, o país mantém uma tradição de oito mil anos, produzindo em ânforas de barro chamadas qvevri. Muitas vezes essa experiência acontece em uma supra, o banquete conduzido pelo tamada, o mestre dos brindes, que transforma cada refeição em celebração.

Praça da Liberdade, no centro de Tblisi
Praça da Liberdade, no centro de Tblisi - LeontinaVarlamonva/Wikimedia Commons

Além do urbano, Tbilisi é cercada por montanhas e parques que oferecem trilhas para quem busca silêncio, natureza e um tempo de introspecção. Mais do que destino turístico, Tbilisi é um lugar onde segurança e hospitalidade se encontram com cultura e espiritualidade. É uma escolha que transforma a viagem solo em algo autêntico, humano e transformador.