5 maiores lendas sobre preços de passagens aéreas
Encontrar e comprar passagens aéreas baratas se tornou, com o aumento de companhias e de trechos atendidos por elas no Brasil e no mundo, um dos principais objetivos dos internautas. A busca pela economia na hora de viajar mobilizou inclusive as agências de viagens on-line, que investem altos valores no aperfeiçoamento de seus sistemas de rastreamento e em ferramentas que ajudem seus clientes nessa procura.
Segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o número de passageiros transportados no Brasil aumentou cerca de 37% entre 2010 e 2015. Se naquele primeiro ano foram registrados aproximadamente 70 milhões de passageiros, o número foi para 96 milhões há dois anos.
Os preços das passagens se mantiveram estáveis entre 2016 e 2017. De acordo com Gustavo Mariotto, diretor de marketing do site ViajaNet, fatores como o preço do petróleo, a taxa de câmbio e a demanda incentivaram as companhias. Em alguns casos, os voos chegam a ser mais baratos do que eram no ano passado.
A seguir, criamos uma lista de boatos sobre passagens aéreas que pode te ajudar na hora da compra:
1 – Quanto mais cedo comprar uma passagem, melhor
Esse é um dos mitos que já tiveram sentido no passado, quando os valores das passagens aéreas eram fixados manualmente pelas companhias aéreas nos balcões dos aeroportos. Assim, era oportuno venderem bilhetes com antecedência, garantindo o número de assentos ocupados nos aviões que viajariam no futuro.
Hoje, porém, com o advento dos sistemas inteligentes de fixação de preços, os prazos mudaram. De acordo com Paulo Rezende, diretor da Amadeus na América Latina, empresa americana de tecnologia para agências de viagens, o período ideal de compra é de 60 dias antes de uma viagem internacional e de 40 dias no caso de um voo interno.
Isso acontece porque, em média, os preços se ajustam aos cronogramas das companhias aéreas e aos períodos usuais de compra dos clientes. Assim, comprar uma passagem para Nova York seis meses antes, por exemplo, pode sair mais caro do que adquiri-la faltando apenas dois, porque com 180 dias de antecedência não há ninguém procurando voos para esse destino e as empresas sequer estão programando esses voos.
2 – As companhias aéreas alteram os preços segundo a demanda do mercado
Segundo cientistas de dados de agências de viagens dos Estados Unidos, a diminuição da intervenção humana nos preços das passagens modificou completamente a lógica do mercado, que hoje funciona de forma semelhante a uma bolsa de valores.
Antes, os gerentes das companhias aéreas poderiam criar promoções em dias ou para destinos específicos em busca de mais lucro, mas hoje esse cargo nem existe mais. “O sistema agora se adapta em tempo real”, diz Patrick Surry, cientista da Hopper, a empresa de informações sobre aviação cujo aplicativo de projeção de tarifas de passagens se baseia em centenas de bilhões de dados sobre passagens aéreas. “Os preços vão se adequando minuto a minuto à oferta e demanda’, continua.
Segundo ele, os gerentes costumavam colocar mais promoções às terças e quartas-feiras, quando a demanda era menor e os assentos sobravam nas aeronaves, mas hoje é uma imensa rede de computadores que organiza os lugares. Portanto, quando há uma promoção abrupta na internet, ela provavelmente foi possível por uma permissão do “sistema”.
3 – Pesquisar preços em janelas anônimas impede o aumento dos preços posteriormente
Não apenas há registro, como ele é utilizado pelas companhias aéreas não para aumentar o preço, mas para estabelecer uma relação de longo prazo com o cliente. De acordo com Paulo Rezende, da Amadeus, todas as informações coletadas pelas empresas nas abas dos navegadores ajudam o usuário na hora de escolher um bilhete para um destino.
“O objetivo é oferecer o melhor voo. Por exemplo: se um casal vai viajar com seus filhos pequenos e a agência e a companhia aérea têm conhecimento disso, não vão oferecer um voo com escala de seis horas ou com mudança de aeroporto”, afirma. “Os provedores de serviço desejam conhecer seus clientes”, completa.
4 – Escolher voos em agências de viagens online e comprar no site da companhia aérea
Segundo Gustavo Mariotto, não há diferença entre comprar uma passagem em um buscador ou na própria página da companhia aérea. Ao contrário: existem casos em que as agências possuem preços mais em conta do que as próprias empresas.
Isso é possível porque, em alguns casos, as agências podem comprar “bloqueios” de lugares das companhias aéreas para revendê-los com exclusividade. Assim, não adianta visitar o site da empresa, porque os assentos estarão reservados, justamente, para quem estiver buscando um bilhete nos buscadores.
Além do mais, as agências online ainda oferecem mais comodidade aos clientes na resolução de problemas, algo que, no caso das companhias aéreas, pode ser mais difícil.
5 – Comprar passagens aéreas de madrugada
Essa é uma das lendas com mais “adeptos”: a de que é possível encontrar voos baratos ou grandes descontos durante as madrugadas. De fato, a questão é controversa, inclusive entre os profissionais das áreas de turismo ou de dados.
Paulo Rezende, diretor da Amadeus, uma empresa especializada em oferecer tecnologia de sistemas para as companhias aéreas, afirma que, ao contrário do que parece, esse não é um mito. “Muitas empresas atualizam os dados de oferta de assentos nos horários de menor movimento comercial, que demandam menos processamento nos seus sistemas informatizados”, explica.
Já a turismóloga Camila Oliveira discorda. Segundo ela, as passagens oscilam de valor apenas conforme a lotação do voo, independentemente do horário em que os bilhetes são comprados. Ou seja: se o cliente acessar uma agência de viagens à noite e encontrar uma passagem barata, possivelmente é porque o voo em si está mais em conta. A única relação entre bons preços e a madrugada é que algumas promoções ocorrem nesse horário.