Alter do Chão encanta por suas praias de águas cristalinas
Viajei para a Alter do Chão e sem brincadeira, você deve fazer o mesmo. Fica no Pará, pertinho de Santarém (35 km) e tem as praias de rio mais lindas que se possa imaginar.
Primeiro de tudo, você está na Amazônia. Pode fazer passeios na mata, conhecer fauna e flora brasileira. Segundo, lá você está em contato com 132 km do rio Tapajós até ele desaguar no rio Amazonas. Pensa na quantidade de praias para conhecer? Todas onde estive tinham areia branca e águas claras, por isso Alter é conhecido como Caribe Amazônico. Em algumas pontas a água é azul, em outras verde, mas sempre transparente.
Como estou acostumada com o mar, passei a viagem toda comparando o rio com ele. Tapajós atinge a largura de 19 km nessa região. Não dá para enxergar a outra margem. E mesmo quando se atravessa de barco, demora um tantão para ver o outro lado. É um oceano de rio.
Alter do chão
O centrinho da cidade consiste em uma praça com coreto e igreja, como a maior parte das pequenas cidades brasileiras.
Em frente da igreja, há a praça. Em frente da praça, há a Ilha do Amor.
Vista da Floresta Nacional de Tapajós[/img]
Flona é a Floresta Nacional de Tapajós. Para chegar lá, pegamos um barco em Alter do chão e chegamos nesse paraíso:
Fomos até chegar na comunidade Jamaraquá.
Um local acompanha você, normalmente com um grupo de pessoas, na trilha de 4 horas pela floresta explicando tudo.
Lá tive o prazer de conhecer uma seringueira, ver a extração do látex, colocar o dedinho no leite e depois sentir grudando como cola. Os locais utilizam essa cola para trabalhos escolares. Essa árvore tem algo que lembrou muito o plástico bolha: o leite escorrido vira uma borrachinha que dá pra arrancar da árvore. Pensa num prazer…
Vi a flor cacau usada na gastronomia pelo aroma de chocolate.
Conheci a samauma, a árvore gigante que dizem ter mais de mil anos. É indescritível a sensação de estar ao lado um fruto da natureza dessa magnitute.
Você chega a um mirante super alto com uma bela vista.
E retorna para almoçar na comunidade um pirarucu fresquinho.
Depois, seguimos o passeio para a lojinha que vende artesanatos feitos com sementes e látex. Colares, brincos, pulseiras, cadernos, carteiras, chaveiros…
Por fim, damos um mergulho no igarapé do Jamaraquá. Lindo, repleto de vitórias régias, com uma água geladinha porque segundo disseram ele “nasce de olhos de água”. A água do rio não é tão fria, nem quente. Tem a temperatura ideal. A do igarapé é bem mais fresca e também me pareceu ideal.
Samauma, árvore gigante que dizem ter mais de mil anos[/img]
Vi muitas aves, umas muito diferentes das outras. De encher os olhos.
O passeio acaba com o por do sol.
Não é de chorar com tanta beleza?
Como já estava tudo incluso, o dinheiro gasto a mais foi na loja de artesanatos. Colares variam entre R$ 10 e R$ 30. São bem baratos, exclusivos e ainda estão gerando renda para a comunidade. Vale a pena.
Canal do Jari
Para chegar lá o passeio de barco é longo, cerca de 2h, e vale muito a pena. Tem um pouco de emoção nesse percurso, no meu caso não passava nem uma agulha, se é que me entende.
Lá vemos o encontro da água esverdeada do Tapajós com a barrenta do Amazonas.
Enquanto na Flona se conhece a flora, nesse passeio se conhece um pouco da fauna da Amazônia. Veem-se muitos, mas muitos pássaros. Eu vi um jacaré mergulhando na água. Vimos a carcaça de um outro na beira do canal que o Sérgio (nosso barqueiro) levou embora para fazer colar com os dentes. Eu peguei a coluna do animal, mas fedia a morte e larguei lá na mesma hora.
Sérgio nos levou até moradores locais para visitarmos a mata.
Vimos bichos preguiças, macacos, aves de diferentes espécies, mais teias de aranhas, mais seringueiras…
Vimos o crânio de um jacaré de mais de 5 metros que foi encontrado morto perto dali.
Conheci de onde vem a castanha do Pará: parece uma castanha gigante, cheia de castanhas dentro. O casco se abre sozinho, o pica-pau come até aguentar e o macaco termina o serviço. Sobraram umas três pra gente.
Caminhamos por uma trilha totalmente seca que fica alagada na cheia. É inacreditável como deve mudar o cenário quando a água cobre tudo.
Todas as casas são bem altas, preparadas para isso. Nesse período as praias quase não existem e algumas deixam de existir mesmo. E então reaparecem. É um belo exemplo que serve de analogia para a vida. Mas essas reflexões não são para agora. Vou escrever outro post só sobre o que a natureza me ensinou sobre tudo.
Estamos numa época de seca, há 6 meses sem chover. Vimos muitas queimadas e a fumaça era constante. Dá vontade pegar um helicóptero e jogar aquela abundância de água sobre a mata.
O casal que nos acompanhou era muito gentil e explicou tudo que queríamos saber e o que nem sabíamos que queríamos, mas que queríamos também. São 20 reais por pessoa para conhecer o local.
Pegamos o barco, atravessamos com emoção e fomos almoçar na Ponta de Pedra. Tucunaré na brasa. Ai, que fome que me deu só de lembrar. Paga-se pelo peixe que vem acompanhado de baião, farofa e vinagrete, estávamos em quatro e saiu em torno de R$ 30 por pessoa. Não deixe de pedir jarra de suco de cupuaçu, em todos os lugares, vai sentir saudade.
Nossa vista durante a refeição:
Fizemos a digestão mergulhadas no rio.
E partimos para ver o por do sol na Ponta do Cururu.
Todos esperando esse momento:
Você pode ir para Alter e não fazer passeio nenhum (o que seria uma grande bobagem), mas não pode perder de maneira alguma esse momento! Os botos aparecem enquanto o sol baixa formando um cenário que não consigo descrever. As cores rosa, amarelo e azul turquesa dominam o lugar, enquanto os botos dão o ar da graça. Sem querer acabamos ouvindo um coro não ensaiado de “ohhh” a cada aparição do bicho.
Não espere um show da Free Willy. Ele não dá saltos, nem piruetas; coloca só as costas pra fora e já é incrível!
Aliás, não espere em nenhum lugar espetáculos dos animais. Eles são animais e estão vivendo suas vidas na natureza normalmente – ainda bem. Se quiser ver o animal de perto, pronto para você, vá a um zoológico. A vida real e natural é assim! “Estou falando isso porque escutei algumas vezes alguns turistas reclamando que ‘nem dava pra ver o bicho direito’, que ‘nem valia a pena o passeio’”. Minha dica nesse caso é: vá à Disney no Animal Kingdom.
Rio Arapiuns
Nós elegemos as águas desse rio como a melhor de todas. As areias das praias são as mais branquinhas e fininhas que contrastam com as águas azuladas e cristalinas. Fomos à Ponta do Icuxi e na Ponta Grande. A Ponta Grande que já me parecia grande fica maior ainda! Sérgio disse que já estava com a água subindo e que chega num ponto que só passa barco pequeno por lá.
Depois de aproveitar bem o rio, fomos conhecer a comunidade ribeirinha Coróca.
Conhecemos o lago onde habitam jacarés e muitas tartarugas. Lá homem nenhum entra. Alimentam a tartaruga de cima de um deck flutuante.
Eu estou fingindo tranquilidade e paz interior em cima do deck, mas estou morrendo de medo de cair.
Quem nos recebeu foi uma moradora da comunidade que entendia tudo sobre peixe por ser filha e neta de pescadores. Ela contou que lá há 11 famílias formadas por 75 pessoas ao total. E que tudo começou com duas mulheres.
Eles fazem farinha de mandioca, tapioca e eu aprendi como se faz. Não aprendi tão bem para explicar aqui, mas aprendi rs.
Também produzem mel feito por três tipos de abelhas.
A gente provou o mel extraído diretamente da colmeia por uma seringa. Foi o mel com mais gosto de mel que já experimentei. Você pode comprá-lo na lojinha. O preço varia de R$ 5 a R$ 15 dependendo do tipo e da quantidade.
Eu segurei um filhotinho lindo de tartaruga.
Almoçamos por lá também. Saiu 20 reais para conhecer o local, mais 20 para comer. Ainda tem a lojinha com artesanatos e mel; encha a carteira.
O Balneário e Restaurante Casa de Saulo fica na praia de Curuatatuba. Ele é muito conhecido pela beleza do local, mas principalmente pela comida.
Conheci lá em um evento muito específico e não posso dizer como é normalmente além do que li na internet. Pelo que li e comi, vá!
Eu fui para Alter do Chão com as festas Vai Tapajós da Soulkitchen fechadas.
Foram três festas, sendo duas open de comida e bebida e uma de Reveillón open bebida por R$ 1.290.
A primeira festa aconteceu na Casa do Saulo. Fizemos o trajeto de 1h30 de Alter para lá por balsa com música e algumas frutas e bebidas.
Saímos ao 12h e voltamos 1h30. O almoço foi uma delícia, preparado pelo próprio Saulo.
A segunda festa foi a da virada. Aconteceu na Floresta encantada. Só a ideia de passar o Reveillón na Amazônia já emociona, imagine mergulhar num igarapé no meio de uma festa? Estava bem escuro e não tenho uma foto que represente o local.
E a última foi um ‘sunset’ de despedida na praia do hotel Belo Alter. As pessoas já se conheciam, as músicas ficaram familiares, e o tornozelo já estava mais acostumado a dançar na areia fina. A comida mais uma vez foi deliciosa e do Saulo. As bebidas eram de muito boa qualidade, até porque a ressaca não pode ser muito brava com tanto passeio a ser feito.
Virada do ano
Essa não é a única opção de festa. Outra, realizada pela AMZ, aconteceu na ponta do Icuxi e pelo o que ouvi foi bem legal! É bem interessante, mais alternativa e aconteceu numa praia. No pacote da AMZ era possível incluir hospedagem em barcos.
É muito comum por lá as pessoas optarem por dormir em redes nos barcos e passarem a estadia pingando de praia em praia.
Noite
O que fazer a noite? Essa sou eu andando na pracinha para ilustrar o que se faz:
Os bares e restaurantes da praça ficam super cheios. Mas eles fecham cedo, por volta da meia noite.
O Espaço Alter do chão é uma “balada” com shows de carimbó incríveis! Meu lugar preferido! Depois de jantar e aproveitar o bar, partimos para lá todas as noites.
Nesse vídeo dá pra ouvir um tiquinho de Carimbó, ver a banda que mais gostei e o ritual de jogar água de cheiro no povo.
E acontecem mais eventos noturnos que se descobre na hora, como um chorinho em um bar na rua de cima da praça. É fácil ficar sabendo o que vai rolar.
Dicas importantes:
Tome vacina contra febre amarela, apesar de não terem pedido o comprovante no aeroporto, vi alerta de controle no banheiro da pousada.
Não se preocupe com pernilongos e mosquitos. Leve repelente claro, mas eles não devem incomodar.
Para trilha na Flona, use tênis e opte por roupas confortáveis. Fui de shorts jeans, ele molhou no barco, tirei e caminhei de biquini e canga mesmo. Foi tranquilo.
Não fique abraçando árvores como se não houvesse amanhã (como eu fiz e levei bronca). Pergunte ao guia, pode haver bichinhos que nos fazem mal.
Fiquei hospedada na pousada Vila da Praia e fomos muito bem recebidas. O preço é super honesto, a localização é ótima e é bem confortável. Cuidado com valores abusivos, principalmente em alta temporada.
Texto e fotos por Paula Vilhena