Antártida, a última fronteira da aventura

09/12/2015 07:03 / Atualizado em 07/05/2020 01:36

Por Heitor e Silvia Reali, do site Viramundo e Mundovirado

 
 

Até pouco tempo a imaginação era o único bilhete para se chegar à Antártida. Hoje voa-se para o fim do mundo –Ushuaia, na Argentina, ou Punta Arenas, no Chile– e aí é só escolher um navio e embarcar para conhecer a mais nova fronteira dos viajantes que curtem aventura extrema. Ali ainda permanece um “que” de viagem à moda antiga, talvez pelo fato da região continuar tão inóspita e inacessível quanto na época das grandes aventuras do começo do século passado.


Final de outubro a começo de março é a época ideal para conhecer o continente branco, como é conhecido, e ideal para os aventureiros de todas as idades. É quando nessa natureza pura de cores e formas, o sol balsâmico dá o ar da graça, com temperaturas acima de zero onde os dias são longos e as noites curtas.

A melhor definição que se pode fazer a Antártida é descrevê-la como natureza extrema, mas, a aventura ali se resume na contemplação, além da viagem se completar também  no conforto, segurança e boa gastronomia.


Sonhos por conquistar e saudade de um lugar onde nunca tínhamos estado antes. Foi assim que embarcamos na primeira viagem da temporada do navio Nordnorge, de bandeira norueguesa.

Na Antártida a primeira coisa que compreendemos é que tudo ali é extremo e submetido a leis que estão acima de qualquer ser humano. Não há intervenção do homem na paisagem, é como se capturássemos os primórdios da natureza. Nas grandes planícies da Ilha Decepcion, por exemplo, algumas vezes são visíveis faixas negras nas montanhas cobertas de gelo e neve. São rochas vulcânicas que ainda se mantêm aquecidas.


A beleza da Antártica é irrequieta e sempre cambiante também devido aos fortes ventos. Muda-se de cenário a cada hora. O ar é seco e a paisagem marinha, certamente incluída entre os mais deslumbrantes espetáculos da natureza, deve isso aos icebergs. De tamanhos e formas inusitadas captam os efeitos do sol e os reverberam ao seu redor. Eles vêm sempre acompanhados dos mais belos adjetivos que um idioma pode produzir. Desta geografia emana um fascínio que beira a dimensão de uma viagem épica.

 
 

Quando entramos em contato com a fauna local, tivemos a certeza que estar em um dos mais belos locais do mundo. Nossas boas-vindas foram dadas pelos pinguins imperadores, seguidos dos pequenos gentoos ou os macaronis, aqueles com tufos dourados na cabeça e cara de poucos amigos. Em compensação os robustos e peludos filhotes do pinguim imperador são muito curiosos, se aproximam dos viajantes, bicam as máquinas fotográficas as luvas e os coloridos agasalhos. E ainda há gaivotas, petrel-gigante, skuas, albatrozes, focas, leões-marinhos e baleias.


Alguns navios de grande porte levam turistas para a Antártida, mas os passageiros não descem em terra, o que é frustrante. Como não é justo impedir que as pessoas vivenciem aquela natureza única, a melhor opção é escolher navios menores que priorizam a segurança dos viajantes e a preservação ambiental. Nunca permitem a saída de mais de trinta pessoas em cada desembarque; a aproximação da fauna deve ser a menor possível, e não se pode retirar nem mesmo uma insignificante pedrinha.

O desembarque é feito em zodíacos, barcos menores de borracha que chegam ao continente onde se pode visitar as estações de pesquisas, velhos portos baleeiros, cabanas dos antigos exploradores, geleiras e fiordes.


Frio e neve nem sempre atrapalham as caminhadas, e a “a Antártida é um lugar que cativa sua imaginação e sua alma”. Essas palavras do grande explorador antártico Ernest Shackleton ainda ecoam nesse continente e podem ser captadas por aqueles que têm o privilégio de ali chegar.

Esta é um tipo de viagem que pode mudar a vida de alguém. Navegando por 21 dias, num barco norueguês, passando pelas Ilhas Malvinas e Geórgia do Sul, até a Antártida, pensamos: “quando esses patos voltarem às águas brasileiras poderão se gabar de serem velhos lobos do mar”.