Aventura a todo vapor no Nariz del Diablo, no Equador

Por Heitor e Silvia Reali, do site Viramundo e Mundovirado


Quem se liga em aventura e natureza, dessas que marcam para sempre a vida, a viagem de trem de Quito a Cuenca, no Equador, é uma delas. Uma viagem à prova de monotonia. De início porque todos os passageiros preferem se acomodar no teto do trem, para ter uma visão panorâmica da paisagem nos dois dias do trajeto. A meta dos viajantes ali não é o destino final, mas sim o percurso.


Se a imagem dominante no primeiro dia são os vulcões, no segundo predominam as cores das plantações de cereais num sobe e desce nas encostas dos Andes equatorianos. Seus altos cumes separados por extensos vales formam uma violenta topografia, intercalada por desfiladeiros e rios caudalosos que serpenteiam a estrada de ferro, cuja construção em 1899 foi considerada a mais difícil mundo.

Cada estação propicia descobertas preciosas, como a de Urbina, localizada a 3600 m de altitude, onde seus habitantes vivem do artesanato da jarina –fruto de uma palmeira– conhecida como marfim vegetal. Outras paradas são feitas em Latacunga e Guamote, nas quais conhecemos os mercados indígenas e o caldeirão de sua diversidade social.


Mas é na estação de Alausi que a tensão aventurosa aumenta. Ali começamos a descida para o desfiladeiro Nariz Del Diablo, um maciço de pedra quase perpendicular, formando profundo cânion sobre o rio Chan-Chan. As vertiginosas alturas não intimidam os passageiros e ninguém arreda pé do teto do trem. Dos dois lados da montanha a queda é livre e o trem avança num panorama inóspito e abrupto. O som do vento se mistura com os palavrões sem freio em vários idiomas. Quarenta minutos depois deixamos esse cenário aterrorizante, para embarcarmos num ônibus para Cuenca, pois a linha férrea a partir dali estava interditada devido a uma avalanche.


Quem leva: Contatos no Brasil com Ana Alves, aalves@metropolitan-touring.com