Blogueiro revela como viajar de graça pela Europa
O autor do blog Viajante Inveterado, Guilherme Goss De Paula, conta, neste post, como viajou pela Europa durante 90 dias sem pagar (quase) nada –nem mesmo a passagem aérea. E você, viajante, também pode conseguir essa façanha.
Como viajei sem pagar um tostão
Esse é uma história muito especial. Digo isso porque essa viagem que fiz praticamente de graça pela Europa, e que vou contar em detalhes para você, mudou a minha vida pessoal e profissional.
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Mas antes que você suspeite que o título possa ser uma pegadinha, eu já aviso: não é! Tampouco uma isca apenas para você clicar (e se irritar comigo depois)! O que vou contar é, de fato, como consegui viajar até a Alemanha e, de lá, percorrer mais 9 países do continente europeu, ao longo de três meses, sem desembolsar quase nada!
Se você estiver interessado em fazer uma viagem parecida (e sem pagar nada), aconselho a ler (e seguir) o que vou apresentar a seguir. E aí, tá preparado para ser o próximo?
Despesas zero
Você deve estar se perguntando: mas como assim, de graça? Então, para que não haja dúvidas, vou deixar claro tudo o que não precisei pagar durante essa viagem:
- Passagens aéreas. Voei pela Swiss Air – quem conhece sabe que é uma companhia suíça, com ótimos serviços, uma das melhores da Europa. Os trechos que voei foram, na ida, São Paulo/Munique, e na volta, Berlim/São Paulo, ambos com conexão em Zurique, que é o hub da companhia;
- Foram 90 noites em hotéis e albergues europeus sem desembolsar 1 centavo pela cama. E o café da manhã quase sempre estava incluído nas diárias;
- Me locomovi pelos 10 países europeus que visitei sem gastar quase nada. Para cumprir meu roteiro, utilizei nada menos que dois passes da RailEurope. Cada passe (que custaria uma grana!) me permitiu fazer 15 viagens. Por sorte, nos países onde os passes não eram válidos, as passagens custaram uma mixaria;
- Alimentação. Até comida e bebida eu consegui descolar 0800 em muitos restaurantes por onde passei;
- Seguro internacional. Viajar sem essa garantia não rola, ainda mais se for para a Europa, onde vigora o Tratado de Schengen que exige o seguro obrigatório. Fui com um plano de € 30.000,00, que cobria acidentes e doenças, entre outras eventualidades;
- Atrações. Museus, igrejas, parques, passeios… Visitei tudo o que pude e não precisei enfiar a mão no bolso para conhecer a grande maioria das atrações.
Poderia ser melhor? Claro! Pois ainda recebi uma grana que usei para pagar as poucas despesas que tive!
Agora vamos ao princípio da história, para você saber como consegui essa façanha de viajar de graça pela Europa!
Como tudo começou…
Apaixonado por viajar, eu até já tinha feito um mochilão pela Europa, por conta própria – apenas utilizando um guia de viagens (o que demonstrou ser crucial para o que viria a acontecer). Mas eu tinha um sonho: trabalhar viajando (ou, pelo menos, viajar de graça!). Ah, aposto que você tem esse mesmo sonho! Eu sempre acompanhava blogs de viagem e empresas diversas ligadas ao turismo para planejar minha próxima aventura. Eis que, um belo dia, recebo um e-mail justamente da editora dos guias de viagem que utilizei, O Viajante.
Eu havia feito um cadastro na página de O Viajante e abri para ver do que se tratava. Era um anúncio de vagas para travel-writers (ou escritores de viagem) que deveriam percorrer a América do Sul. Rapidamente me inscrevi e alguns dias depois começou o processo seletivo.
O processo consistia em tarefas que eram enviadas por e-mail, com prazos a cumprir. Lembro de estar na 4ª ou 5ª fase, quando uma das datas de entrega coincidiu com uma viagem que fiz. Enviei a tarefa após o prazo e fui desclassificado. Só não fiquei mais triste porque estava curtindo adoidado a minha viagem. Tive que me conformar com a situação e esperar para uma próxima oportunidade que, talvez, nunca viria a aparecer.
A segunda chance
Quase um ano havia se passado. Durante esse tempo eu tinha acompanhado, com uma invejinha branca, todos os passos daqueles sortudos viajantes selecionados que desbravaram nosso continente, se aventurando em busca de informações para o guia que iriam colaborar (“Guia Criativo para O Viajante Independente na América do Sul”).
Mas meu sonho permanecia com o pavio aceso e um belo dia eu recebi outro e-mail. A editora era a mesma [O Viajante], mas dessa vez o destino era outro: Europa.
Tão rapidamente quanto da primeira vez, fiz minha inscrição e já chequei o calendário, para ter certeza de que nenhum outro compromisso estaria marcado para as próximas semanas. O processo seletivo foi similar ao anterior, com tarefas a serem cumpridas, às quais dediquei o meu melhor, sempre respeitando direitinho os prazos (eu até pedia uma confirmação de recebimento para ficar mais tranquilo).
O processo seletivo
A primeira tarefa foi passada no dia 19 de julho de 2011. Solicitaram um texto de até 1.200 caracteres contendo uma dica inusitada, de locais menos turísticos que eu havia visitado na Europa ou aqui na América do Sul. Resolvi escrever sobre algumas particularidades de Atrani e Ravello, vilas menos conhecidas da famosa Costa Amalfitana, na Itália.
Na semana seguinte, a segunda tarefa foi apresentar e descrever um restaurante e uma atração da minha cidade. Cada item deveria ter no máximo 1.000 caracteres e ser desenvolvido de acordo com a formatação do guia. O parágrafo deveria conter opiniões próprias, que poderiam ser positivas ou negativas. Discorri sobre a matriz de uma grande rede de cachaçarias e sobre uma aldeia “cara-pálida”, que não preservou muito bem as suas tradições.
Na terceira tarefa, os textos deram espaço à fotografia. Foram solicitadas cinco fotos autorais com os temas: cidade, natureza, detalhes, pessoas, eu na paisagem, eu em primeiro plano. Para atender a esses requisitos, enviei fotos de Londres (duas), Amsterdã, Heraklion, Oslo e Santorini.
A quarta tarefa foi produzir um miniguia, aliás, um guia completo sobre apenas um destino. Escolhi, novamente, Atrani –pelo fato de já ter pesquisado bastante coisa para a primeira tarefa.
No e-mail seguinte fui parabenizado por estar entre os 49 finalistas e pensei: “Caramba, ainda somos qua-ren-ta-e-no-ve?!”. Não houve trégua e tive que responder dois formulários bastante complexos sobre roteiros, tempo disponível para viagem, etc. Fui bem sincero e consegui expor todo meu interesse pelo projeto.
No dia 10 de agosto de 2011, três semanas após a primeira tarefa, recebi o e-mail que poderia mudar a minha vida. No campo do assunto: “Seleção travel-writer Europa / comentários finais”. Meus olhos se arregalaram, minhas mãos suaram, meu corpo inteiro se arrepiou. Suspirei e cliquei sobre a mensagem. Comecei a ler palavra por palavra, sem querer ver o fim antecipadamente. O e-mail era grande, um verdadeiro teste pra cardíaco.
A cada linha, meu coração chegava mais próximo da boca, prestes a saltar para fora. Pensei, por várias vezes, que seria desclassificado, mas, lá no fundo, havia esperança. Foi uma tortura ler o texto até o fim. Antes do resultado, o texto dizia que os viajantes haviam sido divididos por cores que, resumidamente, significavam o seguinte: vermelho → desclassificado; laranja → stand by; verde → tá (quase) dentro.
Para minha alegria, a minha cor era… verde!
Saltei da cadeira, saí correndo, extravasei! Mas, ainda assim, faltava uma entrevista via Skype com a editora assistente. Acho que me saí bem e, dias depois, peguei um voo para bater um papo com o editor-chefe, Zizo Asnis.
Leia aqui o e-mail na íntegra e sinta o drama –é digno de ser enquadrado e pendurado na parede!
Definição do roteiro
Tive bastante participação na escolha do roteiro. Na verdade, a equipe de O Viajante foi bastante flexível quanto a isso, para que a experiência fosse bacana para os dois lados. Após algumas mudanças, meu roteiro ficou estabelecido em 90 dias por 10 países: Alemanha, Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia, Rússia e Polônia. A proposta era atualizar as próximas edições do guia “O Viajante Europa” (Guia Criativo para O Viajante Independente da Europa). Não é preciso dizer que a viagem foi incrível, né? Mas eu digo, foi incrível e de graça! E meu nome ainda está lá, entre os créditos de travel-writer do Guia!
Quer viajar de graça também?
Para ser selecionado, você tem que ser bom de texto e apaixonado pelo mundo das viagens, mas vou contar um segredinho: quem tem um curso de travel-writer no currículo ou já viajou com o “Guia O Viajante” na mochila pode levar vantagem no processo seletivo.
Quer uma sugestão? Acompanhe o trabalho da editora O Viajante (www.oviajante.com, Facebook e Instagram) e também do editor-chefe Zizo Asnis (Facebook e Instagram) e, se der, faça o curso travel-writer.
Boa sorte –e, quem, sabe, boa viagem!
Por Guilherme Goss de Paula, blog Viajante Inveterado