Brasileiro vai de Roma a Jerusalém pegando carona
Em 2015, depois de um processo de insatisfações profissionais e amorosas, Stefano Giorgi resolveu dar um bico em sua vida e ir atrás de uma busca que ele nem sabia direito pelo que era antes de começá-la. Com uma passagem só de ida para Roma (Itália), ele resolveu pegar carona até Jerusalém (Israel), traçando um caminho entre a Cidade Eterna e a Cidade Santa contando com a ajuda e a bondade de outras pessoas.
Como se isso não fosse o bastante, Stefano deixou a maior parte do seu dinheiro para trás e partiu apenas com € 200 no bolso, sem cartões de crédito, para o caso de alguma emergência. Ele decidiu se jogar em uma jornada de iluminação e autoconhecimento que transformaria sua vida.
Stefano conversou com mendigos em Roma que o ensinaram quase tudo o que precisava saber sobre a vida sem dinheiro na estrada. O resto ele aprendeu em uma comunidade anarquista em uma antiga livraria debaixo de um castelo medieval nas montanhas da Toscana onde ficou hospedado por uma semana.
Da Itália, Stefano cruzou o Adriático e partiu para a Albânia, onde conheceu um dos povos mais gente boa da sua viagem. Segundo ele, os albaneses foram tão gente boa que policiais fizeram uma barreira em uma estrada para achar um caminhão que o levasse de carona para onde ele quisesse ir. Além disso, uma noite em que Stefano já se preparava para dormir em uma praia na Riviera Albanesa, um motorista desconhecido o levou para casa de seu vizinho onde o hospedou na mais pura boa vontade. Embora os noticiários muitas vezes mostrem o monte de coisas ruins, a verdade é que ainda existe muita gente maravilhosa no mundo.
Da Albânia, Stefano foi para Grécia. E da Grécia foi para a Turquia, onde por sorte não morreu duas vezes. A primeira quando caiu de um penhasco na Capadócia. A segunda quando acabou dormindo na casa de contrabandistas de ouro sírios que queriam usá-lo como laranja para venderem € 700 mil em moedas de ouro.
Stefano conseguiu escapar com vida para Chipre, onde juntou 70 euros dando aulas de jiu jitsu. Com esse dinheiro pretendia subornar um marinheiro e conseguir vaga em um navio de carga até o Líbano, onde tinha amigos que o esperavam. Entretanto, ele não precisou subornar ninguém. Pegando carona e contando suas histórias, Stefano começou a receber dinheiro de pessoas que ficaram fascinadas por seu espírito de viajante.
“Era como se quisessem fazer parte da história também”, disse. Stefano recebeu uma quantia mais do que suficiente para comprar uma passagem de avião para o Líbano e, posteriormente, para a Jordânia, de onde partiria rumo a Jerusalém.
Era domingo de Páscoa quando Stefano chegou à Jerusalém. Chegou bem quando queria chegar e passou uma semana buscando conhecer melhor as três grandes religiões ocidentais. No domingo seguinte era Páscoa grega e Stefano viu de perto a Cerimônia do Fogo Sagrado, quando fogo desce dos céus e fiéis acendem velas que não os queimam (mas, segundo Stefano, queimam sim).
De Jerusalém, Stefano usou o que sobrou do seu dinheiro e comprou uma passagem de avião para Budapeste. De lá começou a subir o Leste Europeu rumo à Dinamarca, onde amigos o esperavam para curtir uma balada e um churrasco viking no final de semana. E da Dinamarca Stefano rumou para Ibiza, onde queria trabalhar no verão europeu para juntar uma grana e começar uma nova vida.
Durante três meses Stefano viveu como cigano indo de Roma a Jerusalém e depois de Jerusalém a Ibiza. Se virou para arranjar comida e hospedagem em seu caminho pela Estrada, nunca ficando mais do que 5 dias no mesmo lugar.
Quando chegou em Ibiza, a coisa mudou. Stefano se apaixonou pela Ilha… e por duas mulheres diferentes. Conseguiu um bom emprego em uma rave em um zoológico abandonado, alugou um apartamento, fez amigos, namorou, tomou um pé na bunda, curtiu a vida adoidado, juntou uma grana e explorou praias e pontos secretos da Ilha e começou a namorar de novo.
Se de Roma a Jerusalém Stefano quis se encontrar, em Ibiza ele resolveu se perder. E lá isso não é muito difícil… Tanto que uma noite Stefano se meteu em uma confusão e tomou uma facada, que, segundo ele, estava tão doido que nem sentiu e só descobriu no dia seguinte.
Por motivos tragicômicos, Stefano teve que voltar ao Brasil. Sempre que contava suas histórias de viagem, escutava: “você tem que escrever um livro”. E foi o que ele fez. “GiraMundo – Uma História Surrealmente Real” está a venda como e-book pela Amazon ou com o próprio autor pelo Instagram. É um livro com linguagem ácida e conteúdo sexual escrachado, mas que vem agradando aos leitores previamente preparados para lê-lo. Caso você queira ler a obra, temos um aviso para te dar: cuidado para não resolver se jogar na estrada também!