Casal brasileiro pedala em busca de bons vinhos orgânicos
Viajar o mundo visitando pequenos produtores de vinho que utilizam métodos orgânicos ou biodinâmicos de agricultura e vinificação, com um produto final de qualidade, e tudo isso de bicicleta. Esse é o plano do casal brasileiro Fernanda Koprowski e Juan Weik, que recentemente lançou o blog Wine Pace para contar suas aventuras.
O projeto teve início no final de agosto, e a primeira região escolhida foi o Vale do Loire, na França. “O Loire não é tão celebrado quanto Bordeaux, Borgonha ou Champagne, mas é uma das regiões pioneiras mundiais na produção de vinhos orgânicos e biodinâmicos, com várias vinícolas de altíssima qualidade”, conta Fernanda. “É também uma região fascinante e multifacetada, referência em diversas uvas, como Sauvignon blanc, Chenin blanc e Cabernet Franc”, diz.
Integrando um conjunto de sub-regiões, o Vale do Loire totaliza mais de 70 mil hectares de produção vinícola, com início no centro da França e final próximo ao oceano Atlântico, no entorno da cidade de Nantes. De uma ponta à outra, são mais de 800 km de percurso do rio Loire, o maior do país.
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Vinhos “bio”
A paixão do casal por vinhos vem de longa data, mas o interesse por orgânicos e biodinâmicos é mais recente. “Muita gente começa a tomar esses vinhos por uma questão de saúde ou respeito ao meio ambiente, mas no nosso caso fomos sendo convencidos pela qualidade de vários produtores ao longo dos últimos anos”, conta Juan.
No Brasil, os dois fizeram as duas primeiras etapas dos cursos de vinho da instituição inglesa Wine & Spirit Education Trust (WSET). A terceira foi feita na Ásia, para onde o casal se mudou no início de 2014. Fernanda completou os estudos do nível 4 no final do ano passado, ganhando tanto o diploma da instituição quanto uma bolsa de estudos por ter atingido as notas mais altas na região da Ásia-Pacífico.
Em Cingapura, onde o casal viveu até meados deste ano, Fernanda trabalhou em uma importadora de vinhos focada justamente em produtores do Loire, a maioria orgânicos ou biodinâmicos. “Eu resolvi usar a bolsa para conhecer a região e entender por que mais e mais vinícolas migram para esses métodos mais sustentáveis de agricultura, assim como as dificuldades com o processo de conversão e com o aumento nos custos de produção”, conta.
Boa parte dos vinhos consumidos no mundo são produzidos em vinhedos onde é comum o uso de produtos químicos sintéticos como pesticidas, fungicidas, herbicidas e fertilizantes. Além disso, na vinificação, produtores convencionais –principalmente os de larga escala– podem usar aditivos como enzimas, leveduras e conservantes sintéticos, assim como lançar mão de processos como acidificação (adição de ácidos) e chaptalização (adição de açúcar durante a fermentação) para corrigir falhas e estabilizar o vinho.
“Apesar de existirem muitas regulações diferentes dependendo de cada nação ou mesmo de regiões dentro de um mesmo país, em geral vinícolas certificadas como orgânicas ou biodinâmicas não podem utilizar produtos químicos sintéticos nas vinhas”, explica Juan.
Bicicleta
A decisão de fazer a viagem de bicicleta foi tomada pelo casal não só pelo menor impacto ambiental da atividade e a sintonia com o tema do blog (“Wine Pace” pode ser traduzido como “cadência do vinho”, em português), mas pela flexibilidade que esse meio de transporte oferece. “A bicicleta permite, por exemplo, que você passeie no meio de vinícolas e possa parar para apreciar a vista ou tirar fotos, no seu próprio ritmo. Sem falar que é um ótimo exercício físico”, diz Fernanda.
Para exemplificar, ela conta que, a caminho de uma visita recente a uma vinícola em Saumur, o casal viu uma equipe de trabalhadores colhendo uvas em um vinhedo à beira de uma estrada sem acostamento para carros. As bicicletas permitiram não só que eles parassem para tirar fotos, como também descobrissem que o vinhedo pertencia a um produtor orgânico que eles conheceram mais tarde no mesmo dia.
Depois do Vale do Loire, a próxima etapa é conhecer a cena orgânica e biodinâmica de Portugal. “Não temos um roteiro exato para os próximos anos ou mesmo meses –este é na verdade um projeto para a vida toda”, diz Fernanda.