Casal pede carona para conhecer a América Latina em um ano

Julia e Tiago contam com a sorte para conhecer 12 países em 12 meses. Será que é possível?

Quantas vezes você já ouviu alguém dizer que queria conhecer o mundo? O casal de paulistanos Julia Cimionatto e Tiago Inoue faz parte do grupo de pessoas que tem esse desejo latente. E, também, do grupo que resolveu fazer com que essa vontade se tornasse realidade. Há um mês, partiram em uma jornada pela América Latina para conhecer 12 países em um ano.

Mas, para a dupla, a aventura de explorar um continente não é suficiente. Por isso, escolheram fazer essa rota sem entrar em sequer um ônibus ou avião. Julia e Tiago decidiram completar os 15.263 quilômetros de viagem pegando carona.

O casal de paulistanos Julia Cimionatto e Tiago Inoue planejam conhecer toda a América Latina pedindo carona

Mas como exatamente o casal chegou ao plano ambicioso de passar 12 meses pulando de cidade em cidade, de país em país? A resposta, diferente do que a maioria das pessoas acredita, não está ligada a uma grande decepção pessoal ou profissional. Julia conta que não estava infeliz com a rotina de São Paulo, ou insatisfeita com o trabalho. “O que poucas pessoas percebem é que viagens longas não envolvem necessariamente a rejeição de um estilo de vida anterior. Significam se libertar da vida cotidiana para descobrir novos paradigmas sociais e culturais”, afirma.

Apesar de terem rapidamente definido o roteiro da viagem, foram necessários meses de planejamento para que o plano saísse do papel. O maior obstáculo para que isso acontecesse foram os recursos financeiros. O casal fez uma pesquisa intensa de custos, e colocou no papel todos os itens essenciais para que a viagem fosse realizada. “Cotamos tudo. Seguro de viagem, roupas, equipamento para trilhas, taxas de bancos para transações financeiras. E rapidamente descobrimos que teríamos que gastar uma quantia considerável antes mesmo de deixar São Paulo”, explica Julia. Para cobrir esses custos, o casal tomou medidas emergenciais: venderam pertences, fizeram horas extras e diminuíram gastos pessoais.

Julia e Tiago contam com a sorte e ajuda de motoristas para conhecer 12 países em 12 meses

Quando conseguiram juntar R$ 10 mil –R$ 5 mil cada– partiram. A partir de então a mágica seria fazer com que esse dinheiro durasse 365 dias. E, para entender como fariam isso, tiveram a experiência como escola. “Logo no início da viagem aprendemos alguns truques do manual oficial dos mochileiros”, brinca a viajante. Entre as dicas que aprenderam, uma das mais importantes para o casal foi descobrir a possibilidade de colaborar em troca de acomodação. “Plataformas de viagem colaborativas como a Worldpackers nos ajudaram a reduzir drasticamente nossos custos com hospedagem”, explica Julia.

A primeira experiência de turismo colaborativo do casal com a Worldpackers começou no décimo dia de viagem, logo que chegaram ao Uruguai, em Punta del Diablo. “Depois de 10 dias praticamente só acampando e pegando carona, a beliche do Pueblo Arriba Hostel foi como um sonho se tornando realidade. Nós já tínhamos passado uma noite em um posto de gasolina e caminhado por muitas horas. Já era tempo de pararmos em algum lugar para descansar”, diz.

Durante a estadia lá, colaboraram durante quatro horas por dia com a organização e decoração do hostel, que reabriu as portas há pouco tempo. Em troca, receberam hospedagem, café da manhã, dois dias de folga por semana e a chance de conhecer o Uruguai pela perspectiva dos locais.

 

Agora, Julia e Tiago estão em Santiago, capital do Chile, e logo seguirão para Valparaíso, onde irão trocar suas habilidades novamente por hospedagem com a Worldpackers. “Depois disso, a rota ainda está indefinida. Só sabemos que vamos continuar subindo, e que queremos chegar ao Deserto do Atacama ainda esse mês”, explica.

Quando questionada sobre o principal aprendizado durante esse tempo na estrada, Julia fala sobre uma maior compreensão dos outros e de si própria: “Viajar não significa largar tudo. Significa ir com a certeza de voltar com uma melhor versão de si mesmo”. Pelas caronas, o casal descobriu pessoas com histórias incríveis a serem contadas, como a do fornecedor de sorvetes de Garopaba, do vereador de Cambará do Sul ou do casal de ciclistas de Santa Catarina. Conheceram o rap argentino com um hóspede de Buenos Aires, a Baitaca com um casal de gaúchos e a habilidade de fazer com que um hostel se torne um lar longe de casa.

E você, está esperando o quê para cair na estrada, conhecer o mundo e construir uma melhor versão de si mesmo?